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Explanação de Frases da Escritura Acerca da Destruição dos Céus e da Terra
Por Moisés Maimonides
___________

 

Tradução: Paulo Tiago Moreira Gonçalves

 

 

...O texto que segue é um fragmento do Livro O Guia dos Perplexos escrito por Moisés Maimonides, também conhecido pelo acrônimo Rambam [...]. Maimônides escreveu dez trabalhos de medicina em árabe e vários trabalhos de teor religioso, onde reflete sua visão filosófica sobre o judaísmo. É o codificador dos treze princípios fundamentais do judaísmo. Morreu em 1204, em Fostat (ou em Cairo) e foi enterrado emTiberíades em Israel. Sua grande popularidade lhe rendeu a frase elogiosa que diz: "De Moshê (o Legislador) até Moshê (ben Maimon) não há outro como Moshê".[1] No texto que segue, Maimônides discorre acerca da linguagem profética da escritura, mas precisamente da expressão “Céus e terra”, dando grande suporte a interpretação Preterista destas passagens.[2]

 

FRAGMENTO DO CAPÍTULO XXIX DO
LIVRO 'GUIA DOS PERPLEXOS'

Explanação de Frases da escritura acerca
da destruição dos Céus e da Terra

...Quando ouvimos alguém falar num idioma que não entendemos, sabemos indubitavelmente que ele fala outra língua, mas não sabemos o significado das palavras que ele fala; pode ser até que compreendamos algumas palavras que significam uma coisa em seu idioma, porém outra coisa em nosso idioma, e considerando as palavras no sentido referente a nosso idioma, imaginamos que ele as emprega no mesmo sentido. Por exemplo, um Árabe ouve de um judeu a palabra Abah, ele pensa que o judeu fala de um homem que desprezou e recusou alguma coisa, quando na verdade o judeu diz que o homem estava contente e satisfeito com isso.

...A mesma coisa acontece com o leitor comum dos Profetas: ele não compreende algumas palavras deles por completo, como aqueles para quem o profeta diz (Isa. xxix. 11),"Pelo que toda visão vos é como as palavras dum livro selado": em outros casos ele entende o oposto ou o contrário do que o profeta quis dizer; a este caso a referência é feita nas palavras, “Pois [vós] torceis as palavras do Deus vivo” (Jer. xxiii. 36). Além disso, devemos ter em mente que cada profeta tinha seu estilo particular, que é, por assim dizer, sua linguagem, e é nessa língua que a profecia dirigida a ele é comunicada para aqueles que a entendem.

...Após essa anotação preliminar você compreenderá a metáfora freqüente empregada por Isaías, e menos freqüentemente por outros profetas, quando eles descrevem a ruína de um reino ou a destruição de uma grande nação em frases como: “As estrelas caíram”, “Os céus são abalados”, “O sol se escureceu”, “A terra está devastada, e deserta”, e metáforas semelhantes. Os Árabes, semelhantemente, costumam dizer que para alguém que sofreu um acidente sério que seus “céus e sua terra caíram”; e quando eles falam da proximidade da prosperidade da nação, eles dizem, “a luz do sol e da lua aumentou”, um novo céu e uma nova terra foram criados”; ou então usam frases semelhantes. Assim também os profetas, referindo-se a ruína de uma pessoa, de uma nação, ou de um país, descreve isso como resultado da grande ira e vingança de Deus, enquanto que a prosperidade de uma nação é o resultado da alegria e satisfação de Deus.

...No caso anterior vimos que os profetas empregaram frases tais como “Ele apareceu”, “Ele desceu”, “Ele rugiu”, “trovejou”, ou “Ele se fez ouvir”: também “Ele ordenou”, “disse”, “fez”, made, e semelhantes, como será mostrado. As vezes os profetas usam o termo “humanidade” ao invés de “o povo de certo lugar”, o qual a destruição foi predita por eles: Isaías fala da destruição de Israel dizendo, “O Senhor tenha removido para longe dela os homens” (Isa. Vi. 12)

...E também Sofonias (i. 3, 4), “Exterminarei os homens de sobre a face da terra, diz o Senhor. E estenderei a minha mão contra Judá”. Perceba esta semelhança. Tendo falado da linguagem dos profetas em geral, irei agora verificar e provar minha afirmação. Quando Isaías recebeu a missão divina para profetizar a destruição do império Babilônico, a morte de Senaqueribe e a de Nabucodonosor, que subiu após a queda de Senaqueribe, ele começa descrevendo a queda de ambos e o fim de seus domínios, suas derrotas, e males, tais como são suportados por todos aqueles que são derrotados e obrigados a fugir perante a espada vitoriosa [do inimigo]:

...“Pois as estrelas do céu e as suas constelações não deixarão brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz. (xiii. 10): outra vez, “Pelo que farei estremecer o céu, e a terra se movera do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira” (xiii. 13).

...Eu não posso acreditar que alguém seja tão insensato e cego, mantendo o sentido literal das frases figurativas e oratórias, afirmando que na queda do reino da Babilônia aconteceu uma mudança na natureza das estrelas dos céus, ou na luz do sol e da lua, ou que a terra moveu-se de seu lugar. Porque tudo isso é meramente a descrição de um país que foi derrotado: seus habitantes indubitavelmente viram todas as luzes escurecidas, e todas as coisas doces, amargas: toda a terra pareceu pequena demais para eles, e os céus mudaram diante deles.

...Ele fala de maneira semelhante quando descreve a pobreza e a humilhação do povo de Israel, seu cativeiro e sua derrota, as desgraças contínuas causadas pelo maldoso Senaqueribe quando ele governava todos as fortalezas de Judá, ou do dano de toda a terra de Israel quando ela foi possuída por Senaqueribe. Ele diz (xxv. 17-20):

...“O pavor, e a cova, e o laço vêm sobre ti, ó morador da terra. Aquele que fugir da voz do pavor cairá na cova, e o que subir da cova o laço o prenderá; porque as janelas do alto se abriram, e os fundamentos da terra tremem. A terra está de todo quebrantada, a terra está de todo fendida, a terra está de todo abalada. A terra cambaleia como o ébrio, e balanceia como a rede de dormir.”

...No final da mesma profecia, quando Isaías descreve como Deus punirá Senaqueribe, destruir seu poderoso império, e reduzi-lo a desgraça, ele usa a seguinte figura (xxiv. 23): “Então a lua se confundirá, e o sol se envergonhará, pois o Senhor dos exércitos reinará,” etc. Este verso é muito bem explanado por Jônatas, filho de Uziel; ele diz que quando Senaqueribe conhecer seu destino por causa de Jerusalém os idólatras entenderão que isso é obra de Deus; eles desfalecerão e serão confundidos. Ele portanto interpreta este verso desse modo: “os que adoram a lua serão envergonhados, e esses que se curvam perante o sol serão humilhados quando o reino de Deus se revelar", etc.

...O profeta então visiona a paz dos filhos de Israel após a morte de Senaqueribe, a fertilidade e o cultivo de sua terra, e o aumento do poder de seu reino por meio de Ezequias. Aqui ele emprega a figura do aumento da luz do sol e da lua. Quando falando da derrota, ele diz para eles que a luz do sol e da lua diminuirá e escurecerá: no mesmo sentido, ele diz que sua luz aumentará para os vitoriosos. Podemos perceber freqüentemente a precisão dessa figura de retórica. Quando um grande problema sobrevém a nós, nossos olhos são escurecidos, e não podemos ver claramente porque o SPIRITUS VISUS (visão espiritual) se torna turvo pela névoa prevalecente, e então é enfraquecida e diminuída por grande ansiedade e aperto da alma: enquanto que num estado de alegria e conforto da alma o SPIRITUS VISUS (visão espiritual) melhora, e o homem se sente como se sua luz tivesse aumentado.

...Assim, as boas notícias de que o povo habitaria em Sião, e em Jerusalém, e não choraria mais, etc., são concluídas da seguinte maneira: “E a luz da lua será como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor atar a contusão do seu povo, e curar a chaga da sua ferida. (Isa. xxx. 19, 26) quer dizer, quando Deus os levantar novamente depois que eles tivessem caído pelo maldoso Senaqueribe. A frase "como a luz de sete dias" significa, de acordo com os comentaristas, “luz muito grande”: porque o número “sete” é freqüentemente usado no hebraico neste sentido.

...Eu penso que esta frase faz referencia aos sete dias da dedicação do templo no reinado de Salomão; porque nunca houve nação tão grande, próspera, e feliz em todo aspecto, como Israel esteve naquele momento, e portanto o profeta diz que a grandeza e felicidade daquele Israel e estarão iguais àquela daqueles sete dias.

...Falando da perversa Edom, o opressor de Israel, Isaías diz:

...“E os seus mortos serão arrojados, e dos seus cadáveres subirá o mau cheiro; e com o seu sangue os montes se derreterão. E todo o exército dos céus se dissolverá, e o céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército desvanecerá, como desvanece a folha da vide e da figueira. Pois a minha espada se embriagou no céu; eis que sobre Edom descerá, e sobre o povo do meu anátema, para exercer juízo” etc. (Isa. Xxxv. 3-5).

...Alguma pessoa que tem olhos para ver encontra nestes versos alguma expressão obscura, ou que deva levá-lo a pensar que eles contêm um registro do que irá sobrevir aos céus? Ou qualquer coisa além da descrição figurativa da ruína dos Edomitas, a remoção da proteção de Deus deles, seu declínio, e queda súbita e rápida de seus nobres? O profeta quer dizer que as pessoas, que eram como estrelas e estimavam sua alta e inabalável posição, iriam cair rapidamente, como uma folha que cai da vide, e como um figo que cai da figueira.

...Tudo é muito evidente, e não deveria ser preciso mencionar isso, muito menos de maneira prolongada, não tivesse isso se tornado necessário, devido ao fato de pessoas comuns, e até mesmo pessoas que são consideradas como eruditos distintos, citarem esta passagem fora de seu contexto ou propósito, [em defesa da visão da destruição dos céus que eles têm]. Eles acreditam que a escritura descreve aqui o que acontecerá, no futuro, com os céus, do mesmo modo que elas nos informam como eles vieram a existência.

...Novamente, quando Isaías disse aos Israelitas, o que posteriormente tornou-se um fato bem conhecido, que Senaqueribe, com seus reis e nações aliadas, pereceria; e que os Israelitas seriam ajudados somente por Deus, ele empregou linguagem figurada, e disse: “Vejam como os céus declinam e a terra definha, e tudo o que está nela morre, e vocês são salvos”, quer dizer, aqueles que enchiam a terra, e que tinham sido considerados, para usar uma hipérbole, permanentes e estáveis como os céus, iriam perecer rapidamente e desaparecer como fumaça: e seu famoso poder, que tinha sido tão estável como a terra, seria destruído como uma roupa. A passagem a qual me refiro começa:

...“Porque o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Edem e a sua solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria se acharão nela, ação de graças, e voz de cântico.Atendei-me, povo meu, e nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e estabelecerei a minha justiça como luz dos povos. Perto está a minha justiça, vem saindo a minha salvação, e os meus braços governarão os povos; as ilhas me aguardam, e no meu braço esperam. Levantai os vossos olhos para os céus e olhai para a terra em baixo; porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra se envelhecerá como um vestido; e os seus moradores morrerão semelhantemente; a minha salvação, porém, durará para sempre, e a minha justiça não será abolida. (Isa. li. 3-6).

...A restauração do reino de Israel, sua estabilidade e permanência, são descritas como criação dos céus e da terra. Porque Isaías freqüentemente fala da terra de um rei como se esta fosse todo o Universo, como se céus e terra pertencessem a ele. Ele, portanto, conforta Israel e diz: “vós padecereis fome”, etc (ver. 13); (8) da melhoria moral de nossa nação a tal grau que seriamos uma benção na terra, e do esquecimento das dificuldades de antes:

...“Mas a seus servos chamará por outro nome. De sorte que aquele que se bendisser na terra será bendito no Deus da verdade; e aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos meus olhos. Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão: Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente no que eu crio; porque crio para Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo motivo de gozo. E exultarei em Jerusalém, e folgarei no meu povo,” etc. (lxv. 15-19)

...Todo o tema deve estar agora claro e evidente; porque as palavras, “eu crio novos céus, e uma nova terra", etc., são seguidas pela explicação, “eu crio em Jerusalém motivo de exaltação, e para seu povo motivo de gozo,” etc. Então o profeta acrescenta que a semente e nome de Israel serão tão permanentes quanto a fé deles/delas e como sua alegria, o qual Deus prometeu criar e difundir sobre toda a terra: porque a fé e a alegria em Deus são duas posses que, uma vez obtidas, nunca muda ou se perde. Isto é expresso nas palavras:

..."Pois, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, durarão diante de mim, diz o Senhor, assim durará a vossa posteridade e o vosso nome." (lxvi. 22).

...Mas de outras nações, em alguns casos, a semente permanece, ainda que o nome pereça; assim, por exemplo, muitas pessoas são da semente dos persianos ou gregos, sem ser conhecido por aquele nome especial; eles mantêm os nomes de outras nações das quais eles formam parte. De acordo com minha opinião, nós temos aqui uma profecia que nossa religião, que nos dá nosso nome especial, permanecerá permanentemente.

...Como essas figuras são freqüentes em Isaías, eu expliquei algumas delas. Mas elas também aparecem nas palavras de outros profetas. Jeremias, descrevendo a destruição de Jerusalém em conseqüência de nossos pecados, diz (iv. 23); “Observei a terra, e eis que era sem forma e vazia”, etc. Ezequiel (xxxii. 7, 8) profetiza a destruição do reino do Egito, e a morte de Faraó, por Nabucodonosor, nas seguintes palavras:

...“E, apagando-te eu, cobrirei o céu, e enegrecerei as suas estrelas; ao sol encobrirei com uma nuvem, e a lua não dará a sua luz.Todas as brilhantes luzes do céu, eu as enegrecerei sobre ti, e trarei trevas sobre a tua terra, diz o Senhor Deus.” Joel, filho de Petuel (ii. 10), descreve a multidão de locustas que vieram em seus dias como segue: “Diante deles a terra se abala; tremem os céus; o sol e a lua escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor.” Amos (viii. 9, 10), falando da destruição de Samaria, diz: “E sucederá, naquele dia, diz o Senhor Deus, que farei que o sol se ponha ao meio dia, e em pleno dia cobrirei a terra de trevas. E tornarei as vossas festas em luto,” etc.

...Miquéias (i. 3, 4), relatando a queda de Samaria, usa a seguinte e bem conhecida figura retórica: “Porque eis que o Senhor está a sair do seu lugar, e descerá, e andará sobre as alturas da terra. Os montes debaixo dele se derreterão,” etc. Semelhantemente, Ageu (ii. 6, 7), descrevendo a destruição do reino dos Medos e Persas: “Pois assim diz o Senhor dos exércitos; Ainda uma vez, daqui a pouco, e abalarei os céus e a terra, o mar e a terra seca. Abalarei todas as nações,” etc.

...Quando [David] (Sl. Lx. 4) descreve como, durante a expedição de Joabe contra os Edomitas, a nação estava fraca e abatida, e como ele orou a Deus por sua ajuda, ele diz: “Abalaste a terra, e a fendeste; sara as suas fendas, pois ela treme.” Em outro caso ele expressa a ideia de que nós não precisamos temar quando vemos outras nações perecer e morrer, porque confiamos na ajuda de Deus, e não na força de nossas espadas, de acordo com as palavras: “um povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro” (Deut. Xxxiii. 29): ele diz (Sl. Xlvi. 2): “Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se projetem para o meio dos mares.”

...A seguinte linguagem figurativa é empregada na Escritura em referencia a morte dos egípcios do Mar Vermelho: “As nuvens desfizeram-se em água; os céus retumbaram; as tuas flechas também correram de uma para outra parte. A voz do teu trovão estava no redemoinho; os relâmpagos alumiaram o mundo; a terra se abalou e tremeu” (Sl. Lxxvii. 17-19). “Acaso é contra os rios que o Senhor está irado?” etc. (Hab. Iii. 8). “Das suas narinas subiu fumaça, “etc. (Sl. Xviii. 9). “A terra estremeceu,” etc. (Juízes v. 4, no Cântico de Débora). A muitos outros casos; mas estes que eu não mostrei podem ser explicados de acordo com estes que eu citei.

...Vamos considerar agora as palavras de Joel (ii. 30-32):

...“E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; pois no monte Sião e em Jerusalém estarão os que escaparem,” etc.

...Eu as aplico a derrota de Senaqueribe perto de Jerusalém; mas ele podem ser considerados como um relato da derrota de Gog e Magog perto de Jerusalém nos dias do Messias, se isso parece preferível, embora nada seja mencionado nesta passagem além de grande matança, destruição, fogo, e redução da luz dos dois luminares.

...Talvez você conteste: Como o dia da queda de Senaqueribe, de acordo com nossa explicação, pode ser chamado de “o grande e terrível dia do Senhor?” Mas você deve saber que o dia da grande salvação ou de grande aflição é chamado de “o grande e terrível dia do Senhor.” Assim Joel (ii.11) diz do dia em que as locustas vieram sobre a terra, “pois o dia do Senhor é grande e muito terrível, e quem o poderá suportar?”

...Nossa opinião, em apoio do qual citamos essas passagens, está claramente estabelecida, ou seja, que nenhum profeta ou sábio jamais anunciou a destruição do Universo, ou uma mudança de sua condição atual, ou uma mudança permanente de qualquer de suas propriedades. Quando nossos sábios dizem, "O mundo permanece por seis mil anos, e em mil anos, estará desgastado", eles não falam de uma cessação completa das coisas existentes; a expressão "mil anos, estará desgastado" claramente mostra que o tempo vai continuam: além disso, essa é a opinião individual de um rabino, e de acordo com a teoria particular.

...Mas por outro lado as palavras: "Não há nada novo sob o sol" (Ec i. 9), no sentido de que nenhuma nova criação tem lugar em qualquer forma e sob quaisquer circunstâncias, expressa a opinião geral de nossos sábios, e incluem um princípio que cada um dos médicos da Mishná e do Talmud reconhece e usa em seus argumentos. Mesmo aqueles que entendem as palavras "novos céus e nova terra" em seu sentido literal supõem que os céus, que serão formados no futuro, já foram criados no ciclo da existência, e que por essa razão o tempo presente, ‘permanece’, "é usado, e não o futuro, ‘permanecerá’”.

...Eles apoiam seu ponto de vista, citando o texto, "Não há nada novo sob o sol." Não imagine que isso se opõe a nossa opinião. Eles querem dizer, talvez, que as leis naturais, pela qual a condição futura prometida de Israel será efetuada, já existem desde os dias da Criação, e que elas são perfeitamente corretas. Quando, no entanto, disse que nenhum profeta jamais anunciou "uma mudança permanente de qualquer de suas propriedades", eu pretendia excetuar os milagres. Pois, embora a vara tenha sido transformada em uma serpente, a água em sangue, a mão pura e nobre em uma leprosa, sem a existência de qualquer causa natural que pudesse afetar estes ou semelhantes fenômenos, essas mudanças não foram permanentes, não se tornaram uma propriedade física.

...Pelo contrário, o universo desde continua o seu curso normal. Esta é minha opinião, o que deve ser a nossa crença. Nossos Sábios, no entanto, disseram coisas muito estranhas acerca dos milagres: eles são encontrados em Bereshit Rabba, e no Midrash Coélet, ou seja, que os milagres são também, de certo modo, naturais: porque dizem, quando Deus criou o Universo com as suas propriedades físicas atuais, Ele incluiu parte dessas propriedades, que deveriam produzir milagres, em certas ocasiões, e o sinal de um profeta consistia no fato de que Deus lhe dissera para declarar quando uma determinada coisa iria acontecer, mas a coisa em si foi feita de acordo com as leis fixas da natureza.

...Se este é realmente o significado da passagem referida, isso atesta a grandeza do autor, e mostra que ele supôs a impossibilidade de uma mudança nas leis da Natureza, ou uma mudança na vontade de Deus [no que diz respeito às propriedades físicas das coisas] depois de terem sido uma vez estabelecidas. Ele então admite, por exemplo, que Deus deu as águas a propriedade de se unir, e de fluir no sentido descendente, e de separar apenas no momento em que os egípcios se afogaram, e apenas em um lugar particular. Eu já lhe indiquei a origem dessa passagem, e isso só tende a opor-se à hipótese de uma nova criação. Diz-se lá: R. Jonathan disse, Deus fez um acordo com o mar para que ele se dividi-se diante dos israelitas: assim se diz, "E o mar retomou a sua força ao amanhecer" (Êx xiv. 27).

...R. Jeremias, filho de Elazar, disse: Não só com o mar, mas com tudo o que foi criado nos seis dias do início [foi o acordo feito]: isto é referido nas palavras, “Eu é que fiz a terra, e nela criei o homem; as minhas mãos estenderam os céus, e a todo o seu exército dei as minhas ordens" (Isa. xlv 12.): ou seja, eu ordenei ao mar que se dividi-se, ordenei que o fogo não ferisse Hananias, Misael e Azarias, que os leões não prejudicassem Daniel, e que o peixe cuspisse Jonas. O mesmo é o caso do resto do milagres. Temos, assim, indicado e explicado nossa opinião claramente, que estamos de acordo com Aristóteles, em parte de sua teoria. Porque acreditamos que este Universo permanece perpetuamente com as mesmas propriedades que o Criador estabeleceu, e que nenhuma delas jamais será mudada exceto por meio de milagre, em alguns casos individuais, embora o Criador tenha o poder de mudar todo o Universo , para aniquilá-lo, ou eliminar qualquer de suas propriedades.

...O Universo, teve, no entanto, um começo e início, pois quando nada era existente, exceto Deus, Sua sabedoria decretou que o Universo seria trazido à existência em um determinado momento, que não deveria ser aniquilado ou alterado em relação a qualquer de suas propriedades, exceto em alguns casos: Alguns destes são conhecidos por nós, enquanto outros pertencem ao futuro e, são, portanto, desconhecidos para nós. Esta é a nossa opinião e a base da nossa religião. A opinião de Aristóteles é que o Universo, sendo permanente e indestrutível, é eterno e sem começo. Nós já mostramos que essa teoria é baseada na hipótese de que o Universo é o resultado necessário da relação causal, e que esta hipótese inclui uma certa quantidade de blasfêmia.[3]

 

Data: 5 de junho de 2012

 

_______________________
Notas:

1. Wikipédia

2. Introdução por Paulo Tiago Moreira Gonçalves

3. A continuação do capítulo é uma introdução ao cap. seguinte.
.. O tradutor optou por encerrar a tradução a partir desse ponto.