História e Preterismo

Clemente de Alexandria era um apologista cristão do século II. Embora sua teologia tenha sido fortemente influenciada pela filosofia grega, seu trabalho foi valioso para abordar as crescentes heresias gnósticas da época. Ele aborda a profecia das 70 semanas de Daniel , o Discurso das Oliveiras, e coloca o momento do desterro de João sob o imperador Nero .

Clemente coloca claramente o cumprimento da profecia das 70 semanas de Daniel no ano 70 d.C.:

   "Do cativeiro em Babilônia, que aconteceu no tempo de Jeremias, o profeta, foi cumprido o que foi dito pelo profeta Daniel da seguinte maneira:

      “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos.
   Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
   Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.
   Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele”.
                                                                                                   (Daniel 9:24-27)

   Que o templo foi construído em sete semanas, é evidente; pois está escrito em Esdras. E assim Cristo se tornou o Rei dos judeus, reinando em Jerusalém no cumprimento das sete semanas. E nas sessenta e duas semanas, toda a Judéia ficou quieta e sem guerras. E Cristo nosso Senhor, "o Santo dos Santos", tendo vindo e cumprido a visão e a profecia, foi ungido em Sua carne pelo Espírito Santo de Seu Pai. Nessas "sessenta e duas semanas", como o profeta disse, e "durante uma semana", era o Senhor. A metade da semana Nero dominou, e na cidade santa Jerusalém colocou a abominação; e na metade da semana ele foi levado, e Otho, e Galba, e Vitellius. E Vespasiano subiu ao poder supremo, e destruiu Jerusalém, e desolou o lugar sagrado. E que tais são os fatos do caso, é claro para ele que é capaz de entender, como o profeta disse".

(Stromata – Book I Chapter 21, The Jewish Institutions and Laws of Far Higher Antiquity Than the Philosophy of the Greeks).

Isso esclareceu ainda mais por sua descrição da Abominação da Desolação em Mateus 24:15:

   "Ainda temos de acrescentar a nossa cronologia o seguinte: quero dizer, os dias que Daniel indica da desolação de Jerusalém, os sete anos e sete meses do reinado de Vespasiano. Pois os dois anos são adicionados aos dezessete meses e dezoito dias de Otho, Galba e Vitellius; e o resultado é de três anos e seis meses, que é "a metade da semana", como disse o profeta Daniel. Pois ele disse que havia dois mil e trezentos dias a partir do momento em que a abominação de Nero estava na cidade santa, até a sua destruição. Pois assim, a declaração, que está subjacente, mostra:

   "Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?
   Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado".
                                                                                         (Daniel 8:13-14 ).

   Essas duas mil e trezentas tardes e manhãs, então, fazem seis anos e quatro meses, durante a metade de que Nero dominou, e foi no meio da semana; e durante a metade, Vespasiano com Otho, Galba e Vitellius reinaram. E, por esta conta, Daniel diz:

   "Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias".Bem-aventurado aquele que vem aos mil e trezentos e trinta e cinco dias".
                                                                                               (Daniel 12:12 )

   Até a esses dias aconteceu a guerra, e depois deles cessou. E esse número é demonstrado a partir de um capítulo subsequente, que é o seguinte:

   "Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias.
   Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias".
                                                                                         (Daniel 12:11-12 )

(Stromata – Book I Chapter 21, The Jewish Institutions and Laws of Far Higher Antiquity Than the Philosophy of the Greeks).

Claramente, Clemente vê as profecias principais de Daniel como tendo sido cumpridas no primeiro século. Ele também liga a abominação da desolação em Mateus 24:15 com o mesmo evento. Em relação ao cumprimento do Discurso das Oliveiras, Clemente dá a seguinte exposição:

"Mas o nosso Mestre não profetizou desta maneira; mas, como já disse, sendo um profeta por um Espírito inato e todo fluente, e sabendo tudo em todo o tempo, Ele estabeleceu com confiança, claramente como eu disse antes, sofrimentos, lugares, tempos designados, maneiras, limites. Conseqüentemente, portanto, profetizando sobre o templo, Ele disse: "Veja esses edifícios? Em verdade, eu digo a vocês: Não haverá aqui uma pedra sobre outra que não seja removida" [Mateus 24:3]; e "esta geração não deve passar até a destruição começar" [Mateus 24:34]... E, da mesma forma, falou em palavras simples as coisas que aconteceram imediatamente, o que agora podemos ver com nossos olhos, para que a realização possa estar entre aqueles a quem a palavra foi falada".

(Clementine Homilia, 3:15. Veja Roberts e Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 8:241).

Clemente nos diz que os eventos que Jesus profetizou aconteceram dentro daquela geração, e que eles puderam ver a realização dessas coisas com seus próprios olhos. Enquanto Clemente não expõe muito sobre o Apocalipse de João, ele apoia a visão preterista de Daniel e do Discurso das Oliveiras, tudo sem mencionar um milênio.

Clemente também foi o primeiro pai da igreja a dar uma pista ao período em que João escreveu o Livro do Apocalipse:

"E para lhe dar confiança, quando você realmente se arrependeu verdadeiramente, que permanece para você uma esperança de salvação confiável, ouça uma história que não é uma mera história, mas um verdadeiro relato de João, o apóstolo que foi transmitido e preservado em memória. Quando, após a morte do tirano, ele se retirou da ilha de Patmos a Éfeso, e costumava percorrer a pedido aos distritos vizinhos dos gentios, em alguns lugares para nomear bispos, em outros para regular igrejas inteiras, em outros para estabelecer entre o clero, um homem, pode ser, dos indicados pelo Espírito".

(Clement - Quis Salvus Dives? - Seção 42)

O "tirano" nunca é identificado pelo nome. No entanto, o medo e o ódio universal de Nero o torna o candidato mais provável. Enquanto muitos imperadores romanos, incluindo Domiciano, eram tiranos cruéis, Nero era, de longe, o pior e mais infame. Na linha dos tiranos romanos, Domiciano teria sido principalmente uma reflexão tardia, e provavelmente teria sido mencionado pelo nome.

Clemente manteve um futuro advento de Cristo e, como muitos ao longo da história, supôs que seria dentro de sua própria vida. Assim, enquanto os Dispensacionalistas gostam de Thomas Ice usam o argumento da "iminência" para apoiar um arrebatamento "pré-tribulacional", a única conclusão real que podemos extrair dessa afirmação é que Clemente estava errado. A escatologia de Clemente claramente não é pré-milenar. Ele não menciona um milênio, mas sustenta que a maioria, se não todas, as profecias em Daniel e os evangelhos foram cumpridas. Portanto, devemos concluir que a escatologia de Clemente está alinhada com o preterismo amilenar ou pós-milenar.

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Fonte: www.www.preteristarchive.com
Acessado Terça-feira, 13 de Fevereiro de 2018