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A Eternidade e o Tempo
na Escatologia
Chronos e Kairós: Tempo do Homem e Eternidade de Deus
Por Eurípedes da Conceição
___________

 

 

...Há duas palavras gregas que definem os diferentes conceitos de tempo: chronos e kairós. A primeira denota o tempo mensurável, que permeia o universo material e concreto; a segunda denota o tempo de Deus, a própria eternidade, um tempo impossível de ser medido ou avaliado pelos instrumentos e percepções humanas. Mas de uma maneira assombrosa e maravilhosa, Deus imprimiu o kairós dentro de nós. A Bíblia diz que Deus, além de estabelecer um tempo (chronos) devido para todas as coisas, “também pôs a eternidade (kairós) no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim” (Ec 3. 11).

...O tempo só existe para os seres humanos. É filho da nossa consciência. Os outros animais simplesmente vivem – para eles não há ontem nem amanhã. O dramaturgo romano Plauto (254-184 a.C.), expressou sua insatisfação com o surgimento do relógio. Ele disse: “Amaldiçoem os deuses o homem que descobriu como diferenciar as horas! E amaldiçoem também aquele que neste lugar instalou um relógio de sol para cortar e repartir tão desgraçadamente os meus dias em bocadinhos.”

...Obcecada com a idéia da morte, a humanidade sempre buscou uma explicação para esse fenômeno misterioso e inexorável que transforma instantaneamente tudo o que é presente em passado. Na Grécia antiga, os filósofos discutiam se o tempo era real ou imaginário. Para Platão (427-347 a.C.), essa dimensão pertencia apenas ao mundo das sensações – portanto, não tinha existência material. Aristóteles (384-322 a.C.) defendia a opinião oposta: o tempo faz parte do Universo e não pode ser separado dele.

...Para a maioria das civilizações antigas, o tempo era cíclico ou circular, sem começo nem fim. Os hindus explicavam sua existência pela dança da deusa Shiva, que criava e destruía o mundo periodicamente. Os babilônios e os maias também acreditavam em épocas sucessivas de criação e destruição. Os maias tinham até uma data específica para o fim do ciclo em seu calendário: era o lamat, que se repetia a cada 260 anos. Nesses dias, os templos eram destruídos e outros erguidos no mesmo lugar, simbolizando o recomeço.

...Foi a cultura judaico-cristã que estabeleceu um ponto de partida para o tempo: a criação do Universo, no livro bíblico de Gênesis. Como Deus é onipotente, Ele não precisa ficar repetindo eventos. Surgiu assim a idéia de passado, presente e futuro como uma seqüência linear. Essa visão foi totalmente absorvida pela cultura ocidental.

 

Uma Análise do Tempo à Luz da Teoria da Relatividade

 

...Um fato digno de observação é o índice de variabilidade existente no próprio chronos, conforme nos apresenta a Teoria da Relatividade elaborada por Einstein, que aqui resolvemos usar como base para corroborar o nosso estudo. Einstein, como nenhum outro, conseguiu discernir as variáveis contidas na relação espaço, movimento, tempo e matéria, partindo de pressupostos científicos. Ele demonstrou que nenhum desses fatores é absoluto em si mesmo e independente como julgava Newton. Na verdade, existe uma interdependência e relatividade entre si. Sobre o movimento, ele afirmou que “com a exceção única da velocidade da luz, os movimentos absolutos não se podem medir, nem mesmo perceber. Os movimentos observados no universo têm todos um caráter relativo”.

...Sobre o tempo, Einstein argumenta:

...O tempo é relativo - e relativos também são os acontecimentos chamados “simultâneos”. Não existe um tempo universal, mas sim um tempo para cada observador. [...] Como cada observador tem o seu tempo próprio, dois acontecimentos que, ocorridos em lugares diversos, são simultâneos para um observador, não o serão para outro.

...Para Einstein, o passado, o presente e o futuro não passam de três pontos no tempo, análogos aos três pontos do espaço ocupados por digamos - Washington, Nova York e Boston. “Cientificamente falando”, diz Einstein, “é tão lógico viajar de amanhã a ontem como viajar de Boston a Washington”. Para um observador imparcial do universo, todo o tempo, assim como todo o espaço, se tornaria presente a um único volver de olhos.

...Einstein afirma que o tempo, como o espaço, é questão de movimento relativo. Se um homem pudesse deslocar-se com uma velocidade superior à da luz - o que, por certo, é humanamente impossível - alcançaria o seu passado e teria a data do seu nascimento relegada para o futuro. Veria os efeitos antes das causas, e presenciaria os acontecimentos antes que eles sucedessem realmente. O tempo é apenas um relógio planetário que mede o movimento. Cada planeta possui o seu sistema cronométrico local próprio, diferente de todos os outros sistemas cronométricos. O sistema da Terra, longe de constituir uma medida absoluta do tempo para toda os lugares, não passa de uma tabela do movimento do nosso planeta em redor do Sol. O dia é uma medida de movimento através do espaço. A nossa posição no tempo depende inteiramente da nossa posição no espaço. A luz que nos traz a imagem de uma estrela distante pode ter viajado um milhão de anos pelo espaço antes de chegar à Terra. Portanto, a estrela que vemos hoje pode ser apenas o reflexo de uma estrela que já explodiu há um milhão de anos atrás. Do mesmo modo, um acontecimento que se deu na Terra há milhares de anos, só agora seria presenciado por um observador situado em outro planeta ou ponto do universo, que, por conseguinte, o considera como um acontecimento atual. O que é hoje em nosso planeta, pode ser ontem em outro planeta, e amanhã em um terceiro. Pois o tempo é uma dimensão do espaço e o espaço é uma dimensão do tempo.

...Mediante o exposto, perguntamos: Se o tempo no sentido cronológico e no universo material apresenta uma taxa de variabilidade tão grande, o que não dizer do kairós? Para estudar escatologia, é imprescindível que nos dissociemos da nossa visão materializada de tempo, e mergulhemos na dimensão do kairós, o “tempo” da eternidade. Isto porque os fatos escatológicos, embora se concretizem no chronos, são arquitetados no kairós.

 

Uma Visão Bíblico-Teológica

 

...Não existe objeto mais digno de reflexão e estudo do que o Deus eterno e a sua relação com a eternidade e o tempo. A Bíblia revela o Deus eterno e o seu propósito para conosco. Esse propósito se concretiza no tempo e na eternidade. O historiador cristão Earle E. Cairns diz que “Deus fez-se homem e viveu no tempo e no espaço na pessoa de Cristo”. Entretanto, convém distinguir tempo de eternidade haja vista que são categorias muito diferentes. Logo, a primeira pergunta a ser feita é “o que é o tempo?”. Agostinho também fez esta mesma pergunta. Debatendo-se com o problema ele expôs sua dificuldade:

...Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? [...] Se ninguém mo perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei.

...Mais adiante, ele encontra uma resposta ao afirmar que “o passado já não existe e o futuro ainda não chegou”. Ele conclui que o tempo existe apenas no presente, o qual ele define como “presente das coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras.”

...Comparando a eternidade ao tempo, Agostinho afirma que “na eternidade, [...] nada passa, tudo é presente” enquanto que, no tempo, as coisas passam. Nas palavras de Agostinho, a eternidade é um “sempre presente”, um “eterno hoje”; ou seja, uma espécie de terra do nunca onde as coisas acontecem, mas o tempo não passa e ninguém nasce, envelhece ou morre.

...Dentro de uma perspectiva bíblico-teológica, o tempo tem princípio e fim. De acordo com a nossa leitura lógica e cartesiana, o tempo é identificado em três dimensões: passado, presente e futuro. Entretanto, a única parte do tempo que realmente existe é o presente, pois o passado já se foi e o futuro ainda não chegou. A maneira correta de falar sobre o tempo não é seguindo a ordem de passado, presente e futuro, mas futuro, presente e passado. O tempo não está se movendo do passado para o futuro, mas do futuro para o passado. O tempo que passou está perdido para sempre e não pode ser reavido porque tem um lugar que é o presente.

...O tempo começou com a criação. Deus instituiu três coisas básicas no universo criado: espaço, matéria e tempo. O espaço consiste em extensão largura e altura; a matéria consiste em energia, movimento e fenômeno; o tempo consiste em futuro, presente e passado. O tempo tem uma íntima relação com o homem porque compreende o período de sua vida entre o nascimento e a morte (Ec 3. 1, 2). E necessário, portanto, fazer uma distinção entre a expectativa de tempo do homem e a expectativa de tempo de Deus. A vida não ultrapassa o tempo determinado por Deus. O tempo é a essência de tudo no universo físico. Este universo é regido pelo tempo. Uma vez que o tempo coexiste com a eternidade, o homem tem dificuldade de diferenciar um do outro. Por ser uma criatura do tempo, o homem busca enquadrar o tempo na eternidade falando de “eternidade passada” e “eternidade futura”. Tudo é atemporal na eternidade. A eternidade não é uma extensão de tempo. Não existe passado nem futuro, apenas presente. Alguns afirmam que existe tempo na eternidade por causa da sucessão de acontecimentos, mas precisamos entender que os termos bíblicos “antes” e “depois” usados em relação aos decretos de Deus não correspondem a uma ordem cronológica, no sentido utilizado pelo homem, uma vez que tais decretos foram firmados na eternidade, fora dos limites do tempo. Todavia, para facilitar a nossa compreensão o escritor sagrado utilizou uma linguagem que pudesse dar-nos uma idéia de que um decreto torna-se a base para um outro decreto. Por exemplo, o decreto de Deus manifestar sua glória deve ser considerado anterior a criação e queda do homem. A criação foi o meio de manifestar a sua glória. Portanto, o decreto de Deus manifestar sua glória precedeu - em ordem - o decreto de criar. Logo, a conclusão que chegamos é que na eternidade existe ordem, mas não existe tempo. Ordem não requer necessariamente tempo.

...Existe ordem na eleição eterna. Desde que a nossa eleição é em Cristo (Ef 1. 4), a eleição de Cristo como nosso salvador precedeu a nossa eleição nele (Is 42. 1; Lc 23. 35; 1 Pe 2. 4). Ademais, os atos de Deus que se concretizam no tempo já foram decretados pela sua vontade antes do tempo. Assim, os eternos decretos de Deus precisam ser entendidos na mente de Deus na mesma ordem que são executados no tempo.

...O tempo é o presente transitório em contraste com a eternidade que é o presente permanente. W. E. Best em sua obra Eternity and Time (Eternidade e tempo) apresenta alguns dos diferentes conceitos de tempo. Segundo Best, os puritanos costumavam referir-se à eternidade como “duração eterna” ou período eterno. Todavia, a duração é algo mensurável, mas a eternidade é imensurável. Martinho Lutero definia a eternidade como “tudo acontecendo de uma só vez”. Agostinho referiu-se à eternidade como “o eterno hoje”. Quando Deus referiu-se à sua eternidade ele disse: “EU SOU” (Ex 3. 14). Se ele dissesse: “Eu Era”, significaria que Ele não é mais. Também se dissesse “Eu Serei”, significaria que ainda não é o que virá a ser. A eternidade é o tempo-presente, imensurável e permanente.

...Best diferencia a eternidade e o tempo usando duas expressões: temporalidade extensa e eternidade intensa. Segundo ele, “A eternidade intensa substituirá a temporalidade extensa quando o tempo deixar de existir”. Viver a eternidade é desfrutar de uma vida intensa, e não extensa. É viver a qualidade e não a quantidade. A idéia de extensão temporal não existe na eternidade. Em sua extensão, o tempo tem princípio e fim. A eternidade não tem uma coisa nem outra.

...A eternidade de Deus tem que ser focalizada de um ponto de vista qualitativo (altura e profundidade), o que difere da temporalidade do homem que é muito mais quantitativa (largura e extensão). Desta forma, a vida que é outorgada por Deus aos eleitos necessita ser focalizada segundo a mesma perspectiva. Embora os eleitos de Deus sejam criaturas temporais, eles possuem (ou possuirão) uma vida eterna em seus corpos mortais.

...Concluímos, pois, que o homem é eterno apenas no propósito de Deus. Sua existência iniciou no tempo, mas transcende o tempo. A existência do homem era uma realidade presente para Deus porque para Ele não existe passado nem futuro.

...O propósito de Deus engendrado na eternidade é executado no tempo e na história. Isto significa que o estudo da escatologia deve ser feito, não apenas na dimensão do chronos, mas principalmente na dimensão do kairós. Cremos que a nossa dificuldade de compreender a escatologia reside, historicamente, na nossa tentativa de adequar os fenômenos e fatos escatológicos ao chronos, menosprezando o kairós. Jamais compreenderemos a eternidade enquanto nossas mentes permanecerem “escravas” do tempo.

...Os discípulos tiveram o seguinte diálogo com Jesus antes que ele ascendesse aos céus: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempo ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade” (At 1. 6, 7). Esta passagem registra a expectativa escatológica dos discípulos.A pergunta feita constituía-se em uma grande dúvida escatológica, e eles buscavam a resposta.

...Para eles, era importante saber exatamente o tempo e lugar da história em que os eventos proféticos sucederiam. Todavia, Jesus deixou bem claro que os fatos escatológicos não estão sujeitos à temporalidade humana, mas à eternidade divina. À semelhança do que ocorreu naquele tempo, as perguntas que, hoje, mais afligem os crentes são: “Quando será a segunda vinda de Cristo?” “Quando terá início a Grande Tribulação?” “O Milênio será um período literal de mil anos ou é apenas simbólico?” “Os acontecimentos narrados no Apocalipse de João já aconteceram, estão acontecendo ou ainda acontecerão?” “Quem é o Anticristo?” “Quem é o falso Profeta?” “Quem é a Grande Babilônia?”. E muitas outras perguntas sem resposta.

...Tentar identificar datas ou períodos em que os fatos escatológicos se concretizarão é cometer a falha de submeter a escatologia à testes laboratoriais de “ensaio e erro”, e, conseqüentemente, lançá-la no descrédito popular. Estudar escatologia não é tentar responder perguntas para as quais não existem respostas, mas compreender os fatos e fenômenos escatológicos à luz da vontade soberana do Deus eterno.

...O capítulo seguinte* é uma narrativa histórica de todas as tentativas “laboratoriais” de identificação de datas, anos e períodos de cumprimento das profecias bíblicas. Todas elas falharam por decorrerem de uma visão escatológica equivocada.

 

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Notas:

* Este artigo faz parte da apostila intitulada: ESCATOLOGIA - Uma Análise Introdutória - Por EURÍPEDES DA CONCEIÇÃO
Área de Teologia Sistemática
Apostila de Escatologia destinada aos alunos do curso de Bacharel em Teologia, do Seminário Teológico Presbiteriano do Rio de Janeiro (STPRJ), em exigência à disciplina de Teologia Sistemática 8.
Rio de Janeiro, 01 de Fevereiro de 2003

Site: www.monergismo.com
Data:
07/09/2012