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Preterismo > Equívocos no Apocalipse
Os habitantes da terra
de Canaã e o Preterismo

_________________

Por César Francisco Raymundo*


Declaração

  “Apocalipse 3

10 “Porque guardaste a palavra de minha paciência, também eu te guardarei da hora da provação, que está para sobrevir ao mundo inteiro, para provar os habitantes da terra”.

   Acreditem ou não, mas um preterista afirmou com toda convicção:

   “Sobre a tentação que vira sobre o mundo, seria apenas para provar os habitantes da terra; habitantes da terra era a forma teológica que os profetas designavam para os habitantes de Jerusalém”.

       Continua o preterista: “…  podemos ler que as tribulações viriam sobre os Habitantes da Terra, logo  (os protestantes)  ligam essa frase (Habitantes da Terra) como se fosse ligado aos Habitantes de todo o nosso planeta. Em algumas traduções da Bíblia protestante, “traduções malignamente adulteradas”, está escrito (os que Habitam sobre a terra), isso é só mais uma de suas adulterações, pois a frase correta é esta: (HABITANTES DA TERRA).”

   E acrescenta,

   “… essa frase tem um sentido simbólico, também foi usado pelos Profetas do (AT) para identificar os Judeus que viviam em Jerusalém; esse termo “Habitante da Terra” provém de Habitantes da terra prometida, ou seja, Habitantes de Canaã”.

   Como a visão dele é preterista, e ele acredita que o Livro de Apocalipse fala da destruição de Jerusalém, e que todo o Livro profético já teve cumprimento, então concluiu – na marra – que habitantes da terra é uma referência aos moradores de Jerusalém vítimas da invasão romana em 70 dC.”[1]

Refutação

   O preterista que o articulista cita provavelmente é o Cris Macabeus, que é um crítico ferrenho da interpretação do Apocalipse feita por parte dos protestantes. Posso ter as minhas divergências com o catolicismo do Cris Macabeus, mas, no entanto, ele tem sido sempre respeitoso e educado quando conversei com ele por e-mail. O articulista aqui refutado usa essa citação pesada do Cris Macabeus para desmoralizar a interpretação preterista da profecia, para dizer que a mesma é de origem católica. Essa é uma tática comum usada em religiões controvertidas.

    O articulista simplesmente ignora o significado da palavra “terra” e não respeita seus devidos contextos dentro das Escrituras. Pessoal, contexto é tudo! Se a gente não se atentar aos diferentes contextos em que uma palavra aparece, não dá para fazer uma interpretação adequada do texto. Temos que levar também em consideração que o texto do Novo Testamento tem dois mil anos de idade, e como tal, reflete a cultura e o pensamento da época. Se nós não assentarmos no lugar daqueles primeiros ouvintes da palavra, e tentar entender como eles entenderam o texto, não há como fazer uma interpretação correta do texto. O que esses escritores de internet fazem é o contrário, pois interpretam o texto do Novo Testamento de acordo com a visão de mundo que temos hoje.  

   Para que haja um esclarecimento durante esta refutação, faço a seguir uma introdução a respeito do uso da palavra “terra” e “mundo” na Bíblia. Em meu Dicionário de Escatologia do Preterismo há um resumo significativo e geral da palavra “terra” em seus diferentes contextos:

Terra – [Do Gr. γης, Transl.: gês, terra solo] Na maioria das línguas significa: chão, solo, território, região de origem e nação, ou o Planeta Terra. A fonte da palavra “terra” está no radical ters que significa “enxuto, ou seco”. Este termo era usado pelos latinos em oposição a palavra mare (mar).

1. A terra seca era entendida como o lugar onde se vivia, ou onde se morava. A palavra “terra” era sinônimo de vida humana. Todo lugar onde se era possível morar, ou passível da existência humana, era considerado “terra”. Conforme o tempo o termo “terra” foi se espalhando, e por isto, ficou como o nome do nosso Planeta. Na antiguidade ninguém sabia que o Planeta Terra é coberto de 70% água. Talvez, por isso, foi que o termo “Terra” prevaleceu como nome do nosso Planeta.

2. Nos tempos bíblicos, as palavras “terra” ou “tribos da terra”, não eram interpretadas como uma referência ao “Planeta Terra” ou como “tribos do Planeta Terra”. A palavra “tribos” associada com o termo “a terra” (tes ges, no grego), era conhecida como “Terra Prometida” (cp. Lc 21:23).

3. Para os rabinos, a Palestina era simplesmente “terra”, e todos os outros países eram resumidos sob designação “mar” ou “de fora da terra”. No Antigo Testamento, as nações pagãs são chamadas simbolicamente de mar, em contraste com a “terra de Israel”.

4. O entendimento correto sobre a palavra “terra” no contexto bíblico, evita muitas interpretações erradas dentro da escatologia bíblica, inclusive no livro do Apocalipse. Pelo fato de muitos ignorarem o que os primeiros ouvintes da Escritura entenderam sobre o termo “terra”, é que temos muitas interpretações apocalípticas em que se imagina o “Planeta Terra”, ao invés da “terra de Israel”.[2]

   A palavra “mundo” no contexto de Apocalipse 3:10 é oikoumene. Veja a seguir o significado e o seu uso nas Escrituras:

Oikoumene – [Do Gr.  οικουμενη, Transl.: oukoumene, Lit. “Terra habitada”] Esta palavra grega encontra sua raiz no substantivo oikós (casa, habitação) e no verbo oiken (habitar). Muitas vezes ela tem sido traduzida como “mundo” em diversas passagens onde aparece.

1. O autor clássico Heródoto, usou oikoumene, para designar a terra habitada, dentro dos estreitos conceitos geográficos do mundo antigo. O termo, então, significava mais especificamente a terra conhecida, primeiramente pelos gregos e depois pelos romanos.*

2. Num novo estreitamente do conceito, essa terra habitada e conhecida foi identificada, em primeiro lugar, com o Império Helênico de Alexandre Magno e depois com o Império Romano. A oikoumene passou, pois, a significar o mesmo que a humanidade unificada por um elemento cultural (o helenismo) ou jurídico (o Império Romano).*
 
3. No uso grego, como habitado por gregos, em oposição a terras bárbaras.**

4. Várias passagens do Novo Testamento usam oikoumene para o mundo romano (Lucas 2:1; Mateus 24:14; Atos 17:6; 24:5).

5. Um dos sinais da “vinda” de Cristo em julgamento contra Jerusalém, era de que o evangelho do reino seria pregado em todo o “mundo” romano (oikoumene). Essa profecia de Jesus se cumpriu à risca (Romanos 1:8; Colossenses 1:5-6; Colossenses 1:23; 2ª Timóteo 4:17).[3]   

   Pois bem, definido o significado das palavras “terra” e “mundo” (no contexto de Apocalipse 3:10), vamos prosseguir. 

Declaração

   “Aqui vai uma pergunta bem oportuna: por que Deus avisaria a uma Igreja que ficava a uma distância enorme da Judéia que ela seria guardada da hora da provação que viria sobre Jerusalém? A Igreja de Filadélfia ficava a centenas de quilômetros de Jerusalém e certamente jamais seria atingida por Roma”.[4]

Refutação

   Aqui vai outra pergunta oportuna: por que Deus avisaria uma igreja do primeiro século da era cristã sobre acontecimentos que somente aconteceriam milhares de anos depois?

   O que Jesus quis dizer para a igreja de Filadélfia é que eles não seriam atingidos pela grande tribulação que estaria concentrada em Jerusalém, mas seria preservada durante a provação que seria sentida em todo o mundo romano. Aquelas cartas foram escritas para as sete igrejas da Ásia, para deixar registrado para posteridade o julgamento que os judeus sofreram por terem rejeitado Seu Messias. Também é óbvio que João não escreveria para a igreja em Jerusalém se ele pretendia que os escritos fossem preservados, pois os cristãos de lá tiveram por providência divina a oportunidade de fugirem para a cidade de Pella, evitando assim que o livro do Apocalipse fosse perdido ou deixado para trás. As sete igrejas da Ásia estavam melhores localizadas, tanto cultural como economicamente. Era o melhor lugar onde João sabia que os escritos dele seriam copiados e distribuídos, e assim seriam preservados.

Declaração

   “Mas tem um detalhe curioso no texto quando diz sobre a “provação que está para sobrevir ao mundo inteiro”, e em seguida diz que essa provação é “para provar os habitantes da terra”.

   A provação está para vir sobre todo o planeta, mas garante o preterista que ela já veio sobre os habitantes de Jerusalém em 70 dC. Parece que ele nem percebeu a expressão “mundo inteiro”, descrevendo que a provação seria de âmbito global. Ele simplesmente interpreta habitantes da terra como sendo os habitantes da terra de Jerusalém. E mundo inteiro é o que?”[5]

Refutação

   Temos na declaração acima o exemplo clássico de uma interpretação que se baseia apenas em nosso tempo moderno. O linguajar do primeiro século da era cristã, bem como o vocabulário dos profetas, são totalmente ignorados. Nem mesmo existe a preocupação de se fazer uma pesquisa sobre o real significado da palavra “mundo” no contexto de Apocalipse 3:10. 

Declaração

   “… hora da provação, que está para sobrevir ao mundo inteiro…”

Significado de Mundo Todo

   Apocalipse 3:10 “… Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que virá sobre todo o mundo [oikoumenes], para tentar os que habitam sobre a terra [ges].

   A utilização do escritor tanto de oikoumenes e ges [Terra] neste versículo, comunica muito claramente o que ele pretendia transmitir através da palavra oikoumene: O mundo todo, no sentido de toda a terra”.[6]

Refutação

   Agora o articulista apela para a palavra original grega. Primeiramente, ele ignora o contexto do Apocalipse em que se diz várias vezes que o mesmo se cumpriria “em breve”. O articulista também ignora que o “em breve” está de acordo com o que Jesus disse sobre a “geração” que veria os acontecimentos do tempo do fim, isto é, a geração dos discípulos, ou a da igreja primitiva, foi a que viu o cumprimento de Mateus 24.

   A oikoumene, ou terra habitada, se encaixa perfeitamente no contexto de Apocalipse 3:10, pois é a igreja de Filadélfia, uma igreja do primeiro século da era cristã, é a que está sendo advertida, e não uma igreja milhares de anos depois. E sobre os habitantes da terra que seriam provados, historicamente sabemos que isto se cumpriu em Israel, nos anos 67-70 d.C.    

Declaração

   “Aqui estão mais algumas passagens que usaram oikoumene com a óbvia intenção de transmitir o seu significado primário, ou seja, o mundo todo.

Lucas 4:5 Então o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe todos os reinos do mundo [oikoumenes] em um momento de tempo.

   Este é um versículo da tentação de Jesus no deserto, que ocorreu após o seu batismo no rio Jordão. Aqui temos a mesma expressão usada em Apocalipse 3:10 na referência sobre “mundo”, que antecede a palavra habitante da terra. O significado é “terra habitada” e “o mundo habitável”, respectivamente”.[7]

Refutação

   Olha só o desconhecimento do articulista! Ele escreveu que “o mundo todo” é o “significado primário” de oikoumene. Já vimos anteriormente que “o autor clássico Heródoto, usou oikoumene, para designar a terra habitada, dentro dos estreitos conceitos geográficos do mundo antigo. O termo, então, significava mais especificamente a terra conhecida, primeiramente pelos gregos e depois pelos romanos”.

   Na primeira declaração acima, o articulista acusou que um preterista tirou suas conclusões “na marra”, mas, na verdade, é ele quem força “na marra” o significado das palavras para manter seu esquema de interpretação.   

   Sobre o Diabo levar a Jesus a “um alto monte” para mostrar-lhe “todos os reinos do mundo”, quem determina é o contexto da passagem. Aliás que “monte” é esse que é tão alto em que se podia ver todos os reinos do mundo? Por isto, muitos afirmam que essa tentação de Jesus deveria ser vista como uma parábola. Não vou entrar no mérito dessa questão, mas considero o episódio literalmente. Creio que Jesus teve uma visão espiritual de todos os reinos do mundo. O fato de nesse contexto aparecer a palavra “todos”, evoca, muito provavelmente, que se tratava de todos os reinos do Império romano existentes naquela época. Todavia, somos constantemtne tentados em olhar para a palavra oikoumene com um olhar moderno.

   Um articulista escreveu sobre essa questão ao dizer que “o olhar moderno e ocidental pode fazer-nos interpretar este conceito de (oikoumene) de forma modernizante. No entanto, não havia um sentido de união dos ‘diferentes’, senão pela integração e ordem dentro dos limites do domínio. A (oikoumene) não era união pacifica dos povos dentro de um único sistema, pelo contrário, era a expansão do império sobre os povos vencidos, os quais estavam debaixo da Pax Romana, símbolo da própria força armada contra a invasão dos bárbaros e contra as insurreições dentro do império. Porém, estamos cientes que dentro dos limites destes domínios havia uma variedade cultural e étnica”.[8]

   Se levarmos isso em consideração, é bem possível que o diabo havia mostrado a Cristo os reinos dentro dos limites do Império romano. Independentemente do que quer que signifique “todos os reinos do mundo”, se é todos os reinos de todo o Planeta Terra naquela época, ou se era apenas dentro do território romano, isto não muda em nada a validade da interpretação preterista. 

   O contexto descrito na tentação de Jesus é bem diferente do contexto de Atos 2:5 em que se diz que no dia de Pentecostes “estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu”. Neste caso, Lucas, que foi autor de Atos, acrescentou quais eram “as nações” as descrevendo como “partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia, e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos), e cretenses, e árabes” (Atos 2:9-11). Observe o que eu disse no início, ou seja, contexto é tudo.  
  
Declaração

   “O preterismo insiste, argumentando o contrário, que ge [terra] não significa terra, mas apenas o sentido de “terra” dentro de uma determinada região, por isso eles concluem que a hora do julgamento estava chegando através do Império Romano para testar os habitantes da “terra” de Jerusalém.

Toda Terra

E sobre a palavra grega ge? Em Mateus 24:30, quando Jesus disse que “todas as tribos da terra” se lamentariam, será que ele quis dizer apenas as “tribos” na “área limitada” da terra ao redor de Jerusalém?”[9]

Refutação

   Neste caso, não me canso de citar Milton Terry quando escreveu que “a tradução todas as tribos da terra parece ter enganado a muitos leitores comuns, porém a comentaristas também. Nenhum leitor helenista dos tempos do nosso Senhor teria compreendido todas as tribos da terra como equivalente a todas as nações do globo. Esta frase remete a Zacarias 12:12, onde todas as famílias da terra da Judéia são representadas como lamentando”.[10]

Declaração

   “E em Lucas 23:44, na ocasião da crucificação de Jesus, quando afirma que uma escuridão caiu sobre a “terra inteira [gen]”, foi apenas sobre a terra ao redor de Jerusalém?

   “E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol”.[11]

Refutação

   Eu já disse anteriormente que contexto é tudo! A escuridão descrita em Lucas 23:44 descreve o maior acontecimento da história, a crucificação de Jesus Cristo. Naquele dia mataram o Filho de Deus, o autor da vida. Por isto, a natureza reagiu e houve um eclipse solar. Deveríamos acreditar que diante de tamanho acontecimento a escuridão teria sido limitada somente a Israel? O autor bíblico quando falava de “terra” não tinha sequer noção do que estava falando. Levando-se em conta que “terra” era sinônimo de vida humana, e que todo lugar “morável”, passível da nossa existência, era terra, certamente onde quer que estivesse brilhando a luz do Sol naquele dia, certamente houve a escuridão. Aquele não foi um dia qualquer na história humana!

Declaração

   “E aqui entra outra questão: Por que Apocalipse, Mateus e referências, quando mencionam habitantes da terra ou similares, não fez como em muitas outras passagens como estas abaixo que revelam o sentido limitado de terra dentro de uma região? Observem que aqui lemos sobre “a terra do Egito “ou” a terra de Israel”,

Mateus 11:24  Mas eu vos digo que haverá menos rigor para a terra [ge] de Sodoma, no dia do juízo, do que para você.

João 3:22  Depois disto foi Jesus e seus discípulos entraram na terra [gen] da Judéia, e ali permaneceu com eles e batizava.

Hebreus 8:8-9 Porque repreendendo-os, Ele diz: “Eis que vêm dias, diz o Senhor, quando farei uma nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá – não de acordo com a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão para levá-los para fora da terra [ges] do Egito, porque não permanecerdes na minha aliança, e eu desconsiderada, diz o SENHOR”

Mateus 14:34  Quando eles tinham atravessado, chegaram a terra [gen] de Genesaré.

Atos 13:17-19 “O Deus deste povo de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo, sendo eles estrangeiros na terra [ge] do Egito; e com braço poderoso os tirou dela; E suportou os seus costumes no deserto por espaço de quase quarenta anos. E, destruindo a sete nações terra [ge] de Canaã, deu-lhes por sorte a terra [ge] deles”.[12]

Refutação

   É incrível como o argumento levantado pelo articulista se volta contra ele mesmo, pois em todos os textos utilizados, a palavra “terra” (ge) de Sodoma, terra da Judéia, terra de Genesaré, terra do Egito, limitam a concepção de “terra”. Ele só não compreende que “terra” refere-se a Israel, a não ser, obvio, quando especificando de qual terra está tratando o contexto. O articulista simplesmente parece que não sabe o que é contexto.

Declaração

   “Estes são apenas alguns dos muitos exemplos do Novo Testamento que mostram como a palavra grega ge foi usada quando o significado era apenas aplicado a uma região em vez de toda a terra. Por isso, se os escritores sinópticos queriam deixar entendido que a escuridão que caiu ao meio-dia – na ocasião da crucificação – em apenas uma região, eles certamente teriam escrito que houve trevas na terra [gen] da Judéia ou Jerusalém. Em vez disso, eles disseram que havia trevas sobre “toda a gen”, ou seja, “toda a terra habitada”.

   Não seria difícil para João acrescentar os detalhes desejados pelos preteristas se ele pretendia passar o mesmo entendimento aos seus leitores em Apocalipse. Bastaria ao Apóstolo apenas adicionar uma palavra no texto em estudo, se ele realmente fazia referência à terra de Israel. Por exemplo, acrescentar a palavra Jerusalém em Apocalipse 3:10, “Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que virá sobre todo o mundo, para tentar os que habitam sobre a terra [de Jerusalém]”. O que não faz nenhum sentido, pois se é para o mundo todo não poder ser restrito ao território judeu”.[13]

Refutação

   O articulista realmente ignora o contexto histórico do livro do Apocalipse. O Apocalipse é um livro extremamente judaico, pois cerca de dois terços de seus 404 versículos são citações do Antigo Testamento. A simbologia e a linguagem apocalíptica refletem a cultura judaica. O falecido pastor David Chilton já dizia na introdução de seu livro The Days of Vegeance (Os Dias de vingança) que “João cita centenas de passagens do Antigo Testamento, muitas vezes com alusões sutis de pouco conhecidos rituais religiosos do povo judeu”. Para entender o Apocalipse, precisamos conhecer nossas Bíblias de capa a capa. Os primeiros leitores do Apocalipse eram totalmente familiarizados com as imagens do Antigo Testamento, e por isto, puderam compreender sua mensagem.

   Apesar de tudo isto, agora vem esse articulista presunçoso querer opinar sobre como João deveria escrever ou deixar de escrever. Não há “detalhes desejados pelos preteristas” meu caro articulista de internet, pelo contrário, há muita base histórica-gramatical na interpretação preterista, a qual você tanto desconhece como nem mesmo a cita.   
     
Declaração

   “Atente para mais esse trocadilho abaixo, em Lucas 21:25, 26,

   “Haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto as virtudes do céu serão abaladas”.

   Apenas observem o tremendo estrago na doutrina preterista se acrescentamos a palavra Jerusalém depois da palavra terra,

   “Haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra [de Jerusalém] angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto as virtudes do céu serão abaladas”.

   Aqui acaba o preterismo!

   “… na terra de Jerusalém angústias das nações…”.

   A expressão que indica uma reviravolta em todo o planeta acerta em cheio a heresia preterista, quando o texto acima acrescenta sobre as “coisas que sobrevirão ao mundo”.[14]

Refutação

   Ao citar Lucas 21:25-26, o articulista se esqueceu do versículo 32 que diz: “Em verdade vos digo que não passará esta geração, sem que tudo isto aconteça”. Aqui começa o preterismo!

Declaração

   “E a sentença final da passagem [de Lucas 21:25-26] registra que as calamidades descritas em boa parte do contexto alcançarão toda a terra,

   “E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia. Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a terra”, vv 34,35

Durante todo o Novo Testamento, os contextos determinam quando ge estava sendo usado no sentido de toda a terra. Porém, desde que o significado de ge como o usado por Mateus está em disputa, vou apenas citar aqui exemplos de seu evangelho.

Mateus 5:18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra [ge] passem nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”.[15]

Refutação

   O significado do “céu e a terra” passando nessa passagem do evangelho de Mateus, era referente a Antiga Aliança. A Antiga Aliança não iria passar até que Cristo cumprisse toda a Lei.   

Declaração

“Mateus 5:34-35  Mas eu vos digo, não jureis: nem pelo céu, porque é o trono de Deus, nem pela terra [ge], pois é escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei.

Mateus 6:9-10  Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra [ges]  como no céu;

Mateus 6:19-20 Não ajunteis para vós tesouros na terra [ges], onde a traça e a ferrugem corroem e onde os ladrões minam e roubam, mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem destroem, e onde os ladrões não arrombam e furtam.

Mateus 9:4-6 Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos corações? Pois, qual é mais fácil? dizer: Perdoados te são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra [ges] autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa.

Mateus 11:25 Naquele tempo, Jesus respondeu, e disse, “Eu Te agradeço, ó Pai, Senhor do céu e da terra [ges], que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”[16]

Refutação

   Nessas passagens do evangelho de Mateus citadas acima, vemos um claro contraste entre céu e terra. Não há nada nelas que anule a interpretação preterista da profecia bíblica. São contextos diferentes, e neles encontramos a “terra” como local de habitação. O Céu trata-se de uma metáfora que indica a sua superioridade em relação à esfera terrena, onde os homens vivem. É óbvio que o evangelista quando pensava em “terra” como local de habitação, ele não tinha sequer noção do tamanho do Planeta Terra. Sua visão de mundo era limitada. Temos que tomar muito cuidado para que nunca a nossa visão modernista de mundo venha prevalecer na interpretação da Bíblia, pois a mesma é um documento muito antigo que refletia uma determinada visão de mundo bem diferente de hoje.    

 

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Este texto faz parte do e-book "Equívocos e Contradições do Preterismo?" que já está disponível para download.

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* César Francisco Raymundo é editor da Revista Cristã Última Chamada.
   Saiba mais sobre o autor clicando aqui  

 

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Notas:

1. Artigo: Os Habitantes da Terra de Canaã
    Autor: A Franco
   Site: https://agrandecidade.com/2012/07/05/habitantes-da-terra/
   Acessado 21 de setembro de 2016

2. Dicionário de Escatologia do Preterismo
    - Os vocábulos e expressões mais significativos da Escatologia Preterista
    Autor: César Francisco Raymundo
    Editora Revista Cristã Última Chamada
    Site: www.revistacrista.org

3. Idem nº 2.

4. Idem nº 1.

5. Idem nº 1.

6. Idem nº 1.

7. Idem nº 1.

8. Artigo: Sentido etimológico de Ecumenismo
    - O que é ecumenismo? - 
   Autor: Pe Roberto
   Site: http://pe-roberto.blogspot.com.br
   Acessado Sexta-feira, 23 de Setembro de 2016

9. Idem nº 1.

10. Comentário sobre as Tribos da Terra
       em Biblical Hermeneutics, p. 468b
       Autor: Milton Terry

11. Idem nº 1.

12. Idem nº 1.

13. Idem nº 1.

14. Idem nº 1.

15. Idem nº 1.

16. Idem nº 1.