Sistema de busca interna
Os ítens mais recomendados de nossa livraria ___________

Quem Somos..... Artigos .....Literaturas..... Revistas .....Fale Conosco ..... Home
revistacrista.org
__________________________________________________________________________________________________________________________________
Tópicos relacionados____________________________________________________________________________________________________________________
Apocalipse
... Saiba mais...
Geração, Última
... Saiba mais...
Vida Eterna
... Saiba mais...
Revistas________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Atualizações
Twitter
Blogger

Downloads
Folhetos
Literaturas
Revistas
Vídeos
A Edição para iPad

Mensagens e Artigos
Temas Escatológicos
de A a Z
Frases Escatológicas

Nossas Crenças
Em que Cremos
Estatuto de Crença do Fim dos Tempos
Religiao x Evangelho
Glossário

Sobre nós
Quem Somos
Nossos Autores
Editorial
Liberdade de Expressão

Revista Cristã
Última Chamada
Todos os direitos reservados.

Contatos
Contribuições e Anúncios
Contato

...Quem Somos..... Artigos .....Literaturas..... Revistas .....Fale Conosco ..... Home

   Era de se esperar que cedo ou tarde alguém iria apontar como um dos supostos equívocos do Preterismo, a questão da identificação da “grande cidade”, que é a “grande meretriz” ou “Babilônia” de Apocalipse 17 e 18. Há uma disputa fervorosa entre os intérpretes a respeito da identidade da grande meretriz. Há os que defendem que a grande meretriz seja Roma, e há outros que defendem que seja Jerusalém. Até mesmo entre os preteristas existe pequeninas divergências sobre o assunto.

   Não tenho dúvidas que a grande meretriz de Apocalipse 17 foi a nação de Israel do antigo pacto, mais especificamente representada pela sua capital, Jerusalém. Isto no primeiro século da era cristã, pois a nação de Israel e a moderna Jerusalém nada tem a ver com a descrição de Apocalipse 17.

   A nação de Israel do primeiro século da era cristã rejeitou a Cristo e junto com Roma perseguiu a Sua igreja. Ao fazer isto, Jerusalém foi condenada por ter adulterado contra Jeová, seu marido. A nação de Israel ao adulterar e cometer fornicação com Roma, tornou-se uma só carne com ela.

   Sobre este assunto o apóstolo Paulo escreveu:

   “Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne”.
                                                                        (1ª Coríntios 6:16)

   Portanto, toda a confusão na interpretação de Apocalipse 17 cairia por terra se os intérpretes entendessem essa união de prostituição entre Roma e Jerusalém. Sendo uma só carne, ambas as cidades se confundem. É justamente por isto que Apocalipse 17 fornece argumento tanto para dizer que a grande meretriz é Roma e ao mesmo tempo dá entender que é Jerusalém. 

   As duas cidades unidas se confundem em características e atitudes, pois Jerusalém e Roma perseguiram e destruíram o santuário de Deus. De acordo com João 2:19-21, Cristo é o Templo espiritual de Deus. Em 1ª Coríntios 3:16, os santos também são chamados de o templo de Deus. Assim, tanto Jerusalém como Roma, unidas mataram e destruíram o Templo de Deus. Mataram a Cristo e também mataram os seus discípulos em perseguições por todo o Império romano.

   Por isto, na interpretação de Apocalipse 17, é fundamental saber sobre essa relação extraconjugal de Roma com Jerusalém. É justamente esse argumento que vou usar como base para dar uma resposta ao articulista que tentou refutar o Preterismo na questão da identidade da grande meretriz.     

Declaração

   “E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra”.
                                                                                               Apo 17:18

   O testemunho da história aponta diretamente para Roma como aquela que dominou nações durante séculos, e principalmente na época que o Apóstolo João esteve preso em Patmos. Esta cidade citada acima é a mesma cidade em que nosso Senhor foi crucificado”.[1]

Refutação

   “Pare o mundo que eu quero descer” já dizia Raul Seixas em uma de suas músicas. Digo isto por causa da declaração acima. Leia mais uma vez uma parte do trecho: “O testemunho da história aponta diretamente para Roma...  Esta cidade citada acima é a mesma cidade em que nosso Senhor foi crucificado...”. Pasme! Acredito que por essa nem o leitor esperava! Segundo a declaração do articulista Jesus Cristo foi crucificado em Roma, ao invés de Jerusalém. Mas, antes de formar qualquer juízo, vamos ver mais da argumentação do referido articulista.

Declaração

   “– Em Apocalipse 11:8 ela também é chamada de Grande Cidade,

   “E os seus corpos mortos serão expostos na praça da grande cidade, que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde nosso Senhor foi crucificado”.

   Esta cidade não pode ser Jerusalém, que estava destruída quando João teve esta visão”.[2]

Refutação
 
   O articulista para tentar livrar a pele de Jerusalém comete um sério equívoco ao dizer que Jesus foi crucificado em Roma. Ele diz isto porque provavelmente defende a ideia de que se Israel estava sob o domínio romano, logo, Jesus foi crucificado dentro do Império romano, e assim, na passagem simbólica de Apocalipse 11:8 João estaria se referindo a Roma, pois Jerusalém jamais poderia ser chamada de “Sodoma” e “Egito”. É justamente isto que alguns têm defendido para tentar demonstrar que João refere-se a Roma ao invés de Jerusalém. É como se Jerusalém fosse um bairro de Roma.

   O fato de Israel estar sob jugo romano, ter de pagar impostos aos césares e seus habitantes terem de comparecer ao alistamento para recensear-se (Lucas 2:1-5), não significa que os judeus, dentro do território de Israel, faziam parte da população romana, como cidadãos romanos por direito. Ao fazer alistamento dos habitantes de Israel, o Império romano apenas queria saber sobre o número de pessoas que estavam sob seu domínio tributário. Apesar de estar sob domínio romano, o próprio Pilatos quis entregar Jesus aos judeus porquê de acordo com as leis romanas Ele era inocente (João 19:6-7).
   Outro detalhe, de acordo com as lei romanas, se Jesus tivesse cidadania romana só pelo fato de Jerusalém ser uma província de Roma, Ele jamais poderia ter sido crucificado. A crucificação não existia para o cidadão romano.  O apóstolo Paulo tinha cidadania romana e sabia muito bem da lei e de seus direitos quando disse:

   “Quando o estavam amarrando com correias, disse Paulo ao centurião presente: Ser-vos-á, porventura, lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado?
   Ouvindo isto, o centurião procurou o comandante e lhe disse: Que estás para fazer? Porque este homem é cidadão romano.
   Vindo o comandante, perguntou a Paulo: Dize-me: és tu romano? Ele disse: Sou.
   Respondeu-lhe o comandante: A mim me custou grande soma de dinheiro este título de cidadão. Disse Paulo: Pois eu o tenho por direito de nascimento.
   Imediatamente, se afastaram os que estavam para o inquirir com açoites. O próprio comandante sentiu-se receoso quando soube que Paulo era romano, porque o mandara amarrar”.
                                                                         (Atos 22:25-29)  

   Portanto, o texto de Apocalipse 11:8 não faz referência a Roma como cidade onde o Senhor foi crucificado. Quem deve reger a interpretação do Apocalipse são as passagens claras das Escrituras. A Escritura é clara quando diz que Jesus morreu em Jerusalém, do lado de fora da cidade, no lugar chamado gólgota (Mateus 27:33; Marcos 15:22; João 19:17).
   As passagens claras das Escrituras dizem:

“Por isso Jesus também morreu fora da cidade de Jerusalém para, com o seu próprio sangue, purificar o povo dos seus pecados”.
                                         (Hebreus 13:12 - NTLH - o grifo é meu)

   “Cerca de oito dias depois de proferidas estas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao monte com o propósito de orar.
   E aconteceu que, enquanto ele orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura.
   Eis que dois varões falavam com ele: Moisés e Elias, os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém”.
                                                     (Lucas 9:28-31 - o grifo é meu)

   “Naquela mesma hora, alguns fariseus vieram para dizer-lhe: Retira-te e vai-te daqui, porque Herodes quer matar-te.
   Ele, porém, lhes respondeu: Ide dizer a essa raposa que, hoje e amanhã, expulso demônios e curo enfermos e, no terceiro dia, terminarei.
   Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã e depois, porque não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém.
                                                   (Lucas 13:31-33 - o grifo é meu)

   Para aqueles que acham o contrário, a cidade de Jerusalém poderia sim ter sido chamada de “Sodoma” e “Egito”. Não é nenhuma novidade esse título dado a cidade. Por causa de seus pecados, no Antigo Testamento Deus se expressava assim em relação a Jerusalém:

   “Ouvi a palavra do SENHOR, vós, príncipes de Sodoma; prestai ouvidos à lei do nosso Deus, vós, povo de Gomorra”.
                                                                           (Isaías 1.10)

   “Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não fez Sodoma, tua irmã, ela e suas filhas, como tu fizeste, e também tuas filhas.
   Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado.
   Foram arrogantes e fizeram abominações diante de mim; pelo que, em vendo isto, as removi dali”.
                                                               (Ezequiel 16.48-50)

   Israel também já foi comparado ao Egito:

   “As suas impudicícias, que trouxe do Egito, não as deixou; porque com ela se deitaram na sua mocidade, e eles apalparam os seios da sua virgindade e derramaram sobre ela a sua impudicícia”.
                                                                            (Ezequiel 23.8)

   Sodoma e Egito são cidades e nações que eram inimigas de Deus. No Apocalipse, por causa de seus pecados, Israel é objeto da ira de Deus sendo comparado a essas antigas nações.  
   Sobre a questão de Jerusalém ter sido destruída quando João teve essa visão, ao contrário do que o articulista pensa, o Apocalipse foi escrito antes da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. As provas são superiores aquelas daqueles que dizem que foi escrito por volta do ano 96 d.C. (no reinado do imperador Domiciano). O articulista em questão parece ser defensor desta última ideia. Até o final deste e-book falarei mais sobre essa questão da data do Apocalipse.

Declaração

   “Jerusalém jamais foi chamada de Grande Cidade nesse contexto, embora a cidade do grande Rei, no entanto, não neste livro, que faz referência a cidade de Roma, ou a jurisdição romana. Por outro lado, ser chamada de cidade do grande rei, não faz dela a cidade que reinou sobre os reis da terra nos tempos de Jesus e da Igreja Primitiva – Jerusalém era província romana, cidade pertencente ao Império Romano, Império que reinava sobre os reis da terra, tendo Roma como seu quartel general.

   [...]”.[3]

Refutação

   O articulista aqui foi bem precavido, porque escreveu que “Jerusalém jamais foi chamada de Grande Cidade nesse contexto. Ele deve aceitar, então, que Jerusalém foi chamada de “a grande cidade” em outros contextos dentro da Bíblia. E, de fato, Jerusalém é assim chamada em toda a Escritura:

   “Como está solitária a cidade que era tão populosa! A que era grande entre as nações tornou-se como viúva! A princesa das províncias tornou-se escrava!”
                                               (Lamentações 1.1 – o grifo é meu)

   “Muitas nações passarão por esta cidade e perguntarão umas às outras: Por que o SENHOR tratou assim esta grande cidade?”
                                                    (Jeremias 22.8 – o grifo é meu)

   Em nenhum momento nas Escrituras Roma é chamada de “a grande cidade”. Só no Apocalipse, o termo “grande cidade” aparece oito vezes. E é uma referência a Jerusalém. Isto veremos no decorrer desta refutação.

Declaração

   “Jesus veio como o rei de Jerusalém em Mateus 21, mas Jerusalém o rejeitou. Quando Ele estava em pé diante deles sob custódia de Pilatos, Jerusalém gritou “Não temos outro rei senão César!”; eles rejeitaram o governo de Deus e apelaram para César como seu rei. Apesar de sua “repulsa” por Roma, Jerusalém afirmou César sobre Jesus.
   Jerusalém voltou as costas para Deus, o que exigiu um julgamento justo por sua rejeição ao seu marido diante de seu adultério com Roma. Jerusalém andava as voltas de braços dados com a Grande Cidade, alegre por ter crucificando seu noivo. Jerusalém e Roma continuaram o seu “affair” depois de terem crucificado o Senhor em sua união, perseguindo a igreja em Atos quatro. Roma era a potência mundial que liderava muitos reis. João escrevia numa época em que Roma era a cidade que reinava sobre os reis da terra, e quando a Igreja sofreu as perseguições impetradas por Domiciano”.[4]

Refutação

   Na declaração acima, o articulista acabou por reforçar a interpretação preterista de que Jerusalém é de fato a grande meretriz babilônia. O que eu disse na introdução desta refutação era que o adultério de Jerusalém com Roma resultou que as duas cidades se tornaram uma só carne. Eis o constante motivo que leva as pessoas a confundirem a grande babilônia de Apocalipse 17 com a cidade de Roma. Eis também o grande motivo do porque existe defensores ferrenhos em ambos os lados da interpretação, isto é, daqueles que dizem ser Jerusalém e dos outros que dizem ser Roma a grande babilônia. Por ser uma só carne, as duas cidades se confundem, possuem características semelhantes.

Declaração

   “O Apocalipse foi escrito principalmente para sete congregações na Ásia Menor, portanto, na área central do Império Romano. E aqui entra uma questão crucial, jamais respondida pelo preterismo: Por que sete Igrejas que estavam nesta área geográfica romana deveriam receber advertências, se o livro trata de profecias sobre a iminente destruição de Jerusalém? Nenhuma carta foi escrita para a Igreja de Jerusalém, por quê? Ora, é óbvio que quando João escreveu às sete Igrejas DA ÁSIA, Jerusalém já havia sido destruída há quase três décadas. Parece lógico, então, que o oráculo contra “a grande Babilônia” seria entendido como referência ao Império Romano e sua capital, Roma”.[5]

Refutação

   Vou analisar esta declaração por partes:

1. “O Apocalipse foi escrito principalmente para sete congregações na Ásia Menor, portanto, na área central do Império Romano. E aqui entra uma questão crucial, jamais respondida pelo preterismo: Por que sete Igrejas que estavam nesta área geográfica romana deveriam receber advertências, se o livro trata de profecias sobre a iminente destruição de Jerusalém?”

   Resposta: É fato que quando João escreveu as sete igrejas da Ásia Menor - pelo conteúdo das cartas - Deus estava pondo a sua casa em ordem antes de julgar Jerusalém. O apóstolo Pedro fala sobre isto em 1ª Pedro 4:17:

   “Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?”

   Observe que a ocasião do juízo da igreja “é chegada”, era para o tempo em que Pedro estava vivendo, não para um futuro distante milhares de anos depois da igreja primitiva. Claramente se vê pelo conteúdo das cartas dessas sete igrejas que a questão era local, exclusivo delas, e nada tinha a ver diretamente com Jerusalém.

   Além disso, as cartas era para encorajamento e conforto dos cristãos que na época estavam enfrentando perseguições e tribulações (Apocalipse 1:9). Há também advertência sobre uma provação que viria sobre “o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra” (Apocalipse 3.10). Embora a grande tribulação ficou concentrada em Jerusalém, todo o Império sentiu parte dela. Era necessário que aquelas sete igrejas conhecessem o conteúdo do que haveria de acontecer naqueles dias, pois todos os acontecimentos em Jerusalém trariam também consequências diretas a elas. Também não podemos nos esquecer sobre a vinda da besta em Apocalipse 13. Todo o império iria estar sob jugo de Nero e a adoração ao imperador. Os cristãos daquelas sete igrejas precisavam saber sobre como lhe dar com esses acontecimentos. Por fim, o Apocalipse foi a revelação de Jesus Cristo para aquelas igrejas “para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João...” (Apocalipse 1:1).   

2. E aqui entra uma questão crucial, jamais respondida pelo preterismo: Por que sete Igrejas que estavam nesta área geográfica romana deveriam receber advertências, se o livro trata de profecias sobre a iminente destruição de Jerusalém?”

   Resposta: Não acredito que até agora essa questão crucial não foi respondida, pois há muito material antigo e novo sobre o Preterismo ainda não traduzido. De qualquer forma, aqui vai a resposta do Preterismo. Aquelas “sete Igrejas que estavam nesta área geográfica romana” receberam o privilégio de receber tais advertências porque “o Apocalipse é dirigido especificamente as sete igrejas particulares que poderiam facilmente ter conseguido a mensagem com rapidez suficiente. Essas foram as igrejas em que João estava se dirigindo diretamente e, especificamente, estava preocupado com elas. Na verdade, de acordo com a maioria dos comentaristas, incluindo dispensacionalistas como Robert L. Thomas e John F. Walvoord (sobre Apocalipse 1.11 em seus comentários), a ordem de aparecimento dessas igrejas demonstra que elas foram organizadas de acordo com uma estrada postal romana. Elas rapidamente receberam o Apocalipse desde que estavam nesta estrada postal conhecida”.[6] (o grifo é meu)
   Assim, toda a mensagem do Apocalipse poderia rapidamente se difundir por todo o Império romano.
  
3. “Nenhuma carta foi escrita para a Igreja de Jerusalém, por quê?
        
   Resposta: Nenhuma carta foi escrita a igreja de Jerusalém porque a mesma conhecia as ordens de Jesus em Mateus 24 para fugir do cerco a Jerusalém:

   “Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação.
Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que se encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não entrem nela.
   Porque estes dias são de vingança, para se cumprir tudo o que está escrito.
   Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo.
   Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles”.
                                               (Lucas 21:20-24 – o grifo é meu)

   Um dos motivos pelo qual os primeiros cristãos da igreja em Jerusalém vendiam seus bens e repartiam entre si, tendo tudo em comum, era o fato de que eles sabiam que Jerusalém estava condenada a destruição, ainda dentro daquela geração do primeiro século da era cristã. Quem conhece o contexto do Novo Testamento sabe que isto só ocorreu com a igreja de Jerusalém e, como consequência, os cristãos de Jerusalém não podiam manter-se financeiramente e as outras igrejas tiveram-lhe que fazer uma coleta para os ajudar (Gálatas 2:10, 1ª Coríntios 16:1-3, 2ª Coríntios 8-9, e Romanos 15:25-27).

   Sobre esse assunto, em um brilhante texto originalmente publicado no jornal boliviano El Día, o articulista Alberto Mansueti escreveu que os cristãos de Jerusalém “estavam esperando o “Dia do Senhor”, o castigo divino sobre a cidade, por haver ela rejeitado e crucificado o Messias, e perseguido a seus seguidores. No capítulo 24 do Evangelho de Mateus, Jesus profetiza esse terrível dia de juízo, anunciando os sinais que viriam: falsos messias, guerras e rumores de guerras, fome, terremoto e pestes, perseguições e apostasias, e o “abominável da desolação”. Seria a “grande tribulação” que marcaria o fim, não do mundo, mas de uma era: a era judaica; e o começo de outra, a era cristã.

   Esperando o dia de juízo, os cristãos viviam como em um gueto, quase na clandestinidade. Por isso não tinham negócios nem bens próprios; e no ano 70 d.C., quando se cumpriu a profecia de Jesus, e o juízo se abateu com as legiões romanas de Tito, os cristãos fugiram, ou já haviam deixado a cidade”.[7]

   Eusébio, bispo de Cesaréia, relata que “todo o corpo da igreja em Jerusalém, dirigido por uma revelação divina dada a homens de piedade aprovada antes da guerra, saíra da cidade e fora habitar em certa cidade além do Jordão chamada Pela”.[8]

4. Ora, é óbvio que quando João escreveu às sete Igrejas DA ÁSIA, Jerusalém já havia sido destruída há quase três décadas. Parece lógico, então, que o oráculo contra “a grande Babilônia” seria entendido como referência ao Império Romano e sua capital, Roma”.

   Resposta: O autor assim ser expressa sobre a destruição de Jerusalém porque erroneamente acredita que o Apocalipse foi escrito por volta do ano 96 d.C., na época do imperador Domiciano.

Declaração

   “[...]

   De acordo com Apocalipse 17, a grande Babilônia é vista reinando sobre reis e assentada sobre muitas águas, que significa povos, línguas e nações, deixando explícito que seu governo era sobre o mundo quase todo. Todos estes argumentos representam boas razões para concluir que João fez referência a Roma, pois não sabemos de nenhuma outra cidade que exerceu tanto poder sobre os povos antes de Cristo, na época de Cristo, e por volta do primeiro século até sua queda séculos depois. Na cidade de Roma, João viu a manifestação terrena, histórica e maléfica da cidade de Satanás (situada sobre sete montanhas) do seu próprio tempo – Roma”.[9]

Refutação

   Sendo uma só carne com Roma, a cidade de Jerusalém também estava assentada sobre muitas águas. A extensão da imigração judaica em todo o mundo romano era tal que “o período romano-helenístico é caracterizado por um aumento no número de judeus em todo o mundo civilizado. Centenas de milhares de judeus viviam na Babilônia, Síria, Chipre, Ásia Menor, Egito, Cyreaica, as ilhas do Dodecaneso, Grécia e Itália. O seu número cresceu de geração em geração pelo efeito combinado do aumento natural, a migração da Palestina e conversões para o Judaísmo, que atingiu proporções recordes durante a geração anterior à destruição do Templo”.[10]

   O livro de Atos dos apóstolos mostra essa influência judaica em todo o mundo romano ao dizer que no dia de Pentecostes se encontrava em Jerusalém “Partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia próximas a Cirene, e romanos aqui residentes, tanto judeus como convertidos ao judaísmo, cretenses e árabes, todos nós os ouvimos falar das grandezas de Deus em nossa própria língua”. (Atos 2.8-11)

   O historiador judeu Flávio Josefo nos dá uma ideia da extensão das terras que os judeus governaram dizendo que esse governo vinha de Jerusalém:

   “A Cidade real de Jerusalém era a suprema, e presidiu todo o país vizinho, como a cabeça faz com o corpo. Quanto às outras cidades que eram inferiores a ela, que presidiu as suas várias toparchies; Gofna foi a segunda dessas cidades, e próximo a Acrabatta, depois deles Timna, e Lida, e Emaús, e Pella, e Edom, e Engaddi, e Herodium, e Jericó; e depois delas veio Jâmnia, e Joppa, como presidindo as populações vizinhas; e para além destes, houve a região de Gamala, e Gaulanitis, e Batanea, e Trachonitis, que também são partes do reino de Agripa. Este último estado começa no Monte Líbano, e as fontes de Jordânia, e atinge transversalmente ao lago de Tiberíades; e de comprimento é prorrogado a partir de uma aldeia chamada Arpha, tanto quanto Julias”.[11]

   A palavra “toparchies” que vimos no texto de Josefo é plural de toparchy. Uma toparchy “é um pequeno estado, que consiste em algumas cidades. A Judéia era anteriormente dividida em dez toparchies”.[12]

   Philo acrescenta informações valiosas sobre a influência de Jerusalém em todo o Império romano:

   “No que diz respeito à cidade santa, devo agora dizer o que é necessário. Ela, como eu já disse, é o meu país natal, e a metrópole não só de um país da Judéia, mas também de muitos, por motivo das colônias que enviou para fora de vez em quando para os distritos limítrofes do Egito, Fenícia, Síria, em geral, e especialmente a parte dela que é chamada Coelo-Svria e também com as regiões mais distantes da Panfília, Cilícia, a maior parte da Ásia Menor, tanto quanto Bitínia, e os cantos mais afastados de Pontus. E da mesma maneira na Europa, em Tessália, e Beócia, e da Macedônia, e Aetolia e Attica, e Argus, e Corinto e todos os distritos mais férteis e ricos do Peloponeso, e não são apenas os continentes cheios de colônias judaicas, mas também todas as ilhas mais célebres são tão demasiadas; tais como Eubéia, e Chipre, e Creta. Eu não digo nada dos países além do Eufrates, para todos eles, exceto uma porção muito pequena, e Babilônia, e todos os satrapies ao redor, que têm vantagens de qualquer que seja solo ou clima, possuem judeus que se instalaram nelas.

   Assim que se minha terra natal tem, se assim razoavelmente pode ser encarado, como direito a uma parte em seu favor que não é uma cidade única que passaria então a ser beneficiada por você, mas dez mil delas em todas as regiões do mundo habitável, na Europa, na Ásia e na África, no continente, nas ilhas, nas costas e nas partes interiores e corresponde bem à grandeza de sua boa fortuna, que, ao conferir benefícios em uma cidade, você também deve beneficiar dez mil outros, de modo que sua reputação pode ser celebrada em todas as partes do mundo habitável, e muitos elogios de que você pode ser combinada com ação de graças”.[13]

   Segundo J. Stuart Russell “a autoridade exercida pela raça judaica em todas as partes do Império Romano anteriores à destruição de Jerusalém era imensa; suas sinagogas deviam ser encontradas em todas as cidades, e suas colônias criaram raízes em todas as terras”.[14]

   Philo ainda diz que “a população de Israel não foi contida somente em seu território como as outras nações, pelo contrário, ela espalhou-se por toda a face da terra, em todos os continentes [do mundo conhecido em sua época], e em toda a ilha”.[15]

   Diante do exposto, não há como negar que houve influência judaica em todo o mundo conhecido dentro dos limites do Império romano. No primeiro século da era cristã, onde quer que havia um judeu, ali estava a sua religião, proselitismo e colaboração com o Império romano (inclusive na perseguição dos cristãos). 
 
   Enquanto que Roma exercia sua influência política e domínio, os judeus apóstatas aliados a ela, formando uma só carne, se confundiam em meio ao Império exercendo sua influência religiosa. O Senhor Jesus Cristo referiu-se ao proselitismo internacional feito pelos fariseus de sua época:

   “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!”
                                                                           (Mateus 23:15)   

   É dito em Apocalipse 17 que a mulher (Israel e Jerusalém) estava montada na besta. Isto não significa que tal nação exercia domínio sobre a besta, pelo contrário, montar significa sinal de dependência. Sobre este assunto, Milton S. Terry escreveu que “no momento em que o Apocalipse estava sendo escrito, o povo judeu havia sido dependente de Roma para sua existência nacional fazia pelo menos uns cem anos, e é por esta razão que se diz que ela estava sentada sobre uma besta escarlate...”.[16]

   O historiador judeu Flávio Josefo referiu-se sobre essa dependência de Roma ao escrever sobre “todas as honras que os romanos e seu imperador pagou à nossa nação, e das ligas de assistência mútua que fizeram com ele...”.[17]

   Sobre a questão de Jerusalém ser considerada a grande cidade, a história também mostra que isto era uma realidade na época da igreja primitiva. O historiador Flávio Josefo refere-se a Jerusalém da seguinte forma:

   “Este foi o final que veio a Jerusalém pela loucura dos que estavam por inovações; uma cidade de outra forma de grande magnificência, e de poderosa fama entre toda a humanidade”.[18]

   “E onde é agora a grande cidade, a metrópole da nação judaica...”.[19]

   “Há um povo chamado os judeus que moram em uma cidade mais forte do que todas as outras cidades, que os moradores chamam de Jerusalém...”.[20]

Declaração

   “Além disso, ela é uma cidade construída sobre sete colinas. Essa especificação elimina a antiga Babilônia. Apenas uma cidade tem mais de 2.000 anos e foi conhecida como a cidade das sete colinas. Essa cidade é Roma. A Enciclopédia Católica afirma: “É dentro da cidade de Roma, chamada cidade das sete colinas, que toda a área do próprio Estado do Vaticano está agora confinado.” The Catholic Encyclopedia (Thomas Nelson, 1976), sv “Rome”.[21]

Refutação

   “Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis...”.               
                                                                      (Apocalipse 17:10)

   Justamente na hora que João pede para que o leitor tenha sabedoria, é aqui que muitos acabam por interpretar o versículo baseados em teorias populares. É verdade que Roma na antiguidade era conhecida como a cidade das sete colinas ou Septimontium. O texto não está dizendo que a cidade estaria cercada de colinas, mas, pelo contrário, ela estava “sentada” sobre esses montes. E mais, os sete montes representam sete reis no qual ela estava “sentada”. Já vimos acima que o estar “sentada” significa dependência. A cidade vista por João era dependente de Roma (a cidade das sete colinas), como também de seus governantes. Por ter sido uma só carne com Roma devido a sua prostituição, Jerusalém estava tão “próxima” de Roma que era como estar “sentada” sobre seus montes.  

   Por outro lado - por ser uma só carne com Roma - Jerusalém acaba se misturando de tal forma com ela, que até no fato das sete colinas elas são idênticas. O Salmo 125:2 fala sobre “os montes em volta de Jerusalém”, que segundo um texto judaico,[22] Jerusalém era conhecida como “a cidade das sete colinas”.
   Estas colinas são:[23]  

1ª “Escopus”.

2ª “Nob”.

3ª “o Monte da Corrupção” ou “o Monte da Ofensa” ou “o Monte da Destruição” (2Reis 23,13).

4ª O original “monte Sião”.

5ª A colina sudoeste também chamada “Monte Sião”.

6ª o “Monte Ofel”.

7ª “A Rocha”, onde foi construída a fortaleza “Antonia”.

 

........................
Este texto faz parte do e-book "Equívocos e Contradições do Preterismo?" que será lançado em breve.

Mais equívocos e contradições clique aqui

......................
* César Francisco Raymundo é editor da Revista Cristã Última Chamada.
Saiba mais sobre o autor clicando aqui

 

________________
Notas:

1. Artigo: Roma ou Jerusalém?
    Autor: A Franco
    Site: www.agrandecidade.com
    Acessado Segunda-feira, 27 de Junho de 2016

2. Idem nº 1.

3. Idem nº 1.

4. Idem nº 1.

5. Idem nº 1.

6. E-book: Comentário Preterista sobre o Apocalipse, pág. 49.
    Revista Cristã Última Chamada
    – Edição especial sobre o Apocalipse –
    Autor: César Francisco Raymundo
    Site: www.revistacrista.org

7. Artigo: Os Primeiros Cristãos eram Socialistas?
    Autor: Alberto Mansueti
    Site do autor: http://albertomansueti.com/.
    Texto originalmente publicado no jornal boliviano El Día.
    Tradução: Márcio Santana Sobrinho
    Fonte: www.monergismo.com
    Acessado dia 12/04/2015

8. CESARÉIA, Eusébio de, História Eclesiástica, Livro III, Cap.V.

9. Idem nº 1.

10. Benjamin Mazor and Moshe Davis,
      The Illustrated History of the Jews
      (New York, N.Y.: Harper and Row, 1963), 127.

11. Flavius Josephus, Wars, 3:3:5.

12. Your Dictionary
      Site: http://www.yourdictionary.com/toparchy
      Acessado Quarta-feira, 2/9/2015

13. Philo of Alexandria: On the Embassy to Gaius
      http://www.geocities.com/Paris/leftBank/5210/gaggripa.htm

14. J. Stuart Russell, The Parousia, 503.

15. Paráfrase de Philo:
      O. A. Philo & C. D. Yonge.
      The Works of Philo: Complete and Unabridged.
      (Peabody: Hendrickson, 1996, c1993.), 777.

16. Milton S. Terry, Biblical Apocalyptics, 428.

17. Flavius Josephus, Antiquities, 14,10,7.

18. Flavius Josephus, Wars, 7:1:1.

19. Flavius Josephus, Wars, 7:8:7.

20. Flavius Josephus, Apion, 1,22.

21. Idem nº 1.

22. Pirke de-Rabbi Eliezer, Seção 10.

23. Artigo: Jerusalém A cidade que fica entre 7 colinas.
      Autor: Cris Macabeus.
      Site: www.macabeus.no.comunidades.net
      Acessado dia 07 de Setembro de 2015

    

 

 

 

 

Preterismo > Equívocos no Apocalipse
Roma ou Jerusalém?

_________________

Por César Francisco Raymundo*