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O Mito do Evangelho Simples

Por Frank Brito

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“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo”. (II Coríntios 11.3)

Esse verso é freqüentemente citado para defender que o Cristianismo é simples. Mas o que as pessoas costumam dizer com “simples” não é o mesmo que “simplicidade” significa neste verso. “Simples” aqui não é o contrário de “complicado” ou “complexo”. A palavra traduzida neste verso como “simplicidade” é [...] – haplotes – e não é sinônimo de “fácil de entender”, mas é o contrário de “corrompido”. O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa define “simples” da seguinte maneira:

simples
adj. 2 g. 2 núm.
1. Que não é composto.
2. Que não é complicado.
3. Sem ornatos nem enfeites.
4. De fácil interpretação.
5. Puro; claro.
6. Singelo; inocente.
7. Mero; natural.
8. Ingénuo; crédulo.
9. Vulgar.
10. Exclusivo.
11. Fácil.
12. Modesto.
13. Sem luxo.
14. Individuado.
15. [Gramática] Diz-se dos tempos dos verbos que se conjugam sem auxiliar.
s. 2 g. 2 núm.
16. Pessoa humilde, ignorante.
s. m. pl.
17. [Popular] Cimbres.
Superlativo: simplicíssimo.

A Nova Versão Internacional deixa isso mais claro: “O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo”. (II Co 11.3) Podemos dizer que o Cristo é simples somente se com isso estivermos falando da pureza do Evangelho, mas não podemos dizer que seja simples se com isso estivermos dizendo que tudo seja muito fácil de entender. A Bíblia deixa claro que há muitos pontos que não são fáceis de entender. Se alguém acredita que todos os pontos do Cristianismo seja fácil de compreender, é possível que ele esteja sistematicamente ignorando a maior parte do que revelou porque tem preguiça de pensar sobre tudo aquilo que não for “simples” e, portanto, seu Cristianismo é extremamente superficial; ou é possível também que seu “Cristianismo simples” seja na verdade um falso Evangelho, diluído ao máximo para caber na sua mentalidade “simples”.

Na Epístola aos Hebreus lemos a seguinte reclamação:

“Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os maduros, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”. (Hebreus 5.11-14)

Um bebê não tem condições de se alimentar do mesmo que um adulto. Enquanto um adulto pode apreciar um belo churrasco gaúcho com um bom vinho, o bebê recém-nascido tem que se contentar com o leite materno. Sem dúvidas, o leite materno é muito importante. Bebês precisam dele para se desenvolver. Mas, se uma pessoa, depois de crescer, continua se alimentando de papinha nestlé ou querendo se alimentar dos seios da mãe, ela tem sérios problemas. A reclamação de Hebreus é que seus leitores eram cristãos há tempo demais para que ainda continuassem a precisar de leite. Já tinha passado da hora de começarem a comer churrasco e tomar vinho. Se não queremos cometer o mesmo erro que eles, precisamos identificar o que era o “leite” e o que era o “mantimento sólido”. Ele identifica o leite no início do capítulo seguinte: “Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à maturidade, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, E da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno“. (Hb 6,1-2) Se passamos a maior parte do tempo procurando entender o que a Bíblia ensina sobre qualquer uma dessas coisas, ainda estamos tomando leite. E se estamos fazendo isso depois de anos no Evangelho, então estamos sob a crítica de Hebreus. Ele identificou também o que é o alimento sólido: “os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal“. A vida não é simples. A vida tem muitas situações e circunstâncias complexas. Precisamos ter discernimento para saber como os mandamentos de Deus se aplicam em cada uma destas situações. Quanto mais complexa for a situação, mais complexa é a aplicação. A maturidade não existe quando passamos a compreender a doutrina da salvação, o significado do batismo, o motivo de existir imposição de mãos ou de existir um Juízo Final. A maturidade acontece quando temos a capacidade de aplicar os mandamentos de Deus nas mais variadas circunstâncias da vida em que precisam ser aplicados. Para sair do leite e ir para o alimento sólido é preciso fazer como o salmista: “Oh! quanto amo a tua Lei! É a minha meditação em todo o dia”. (Sl 119.97) Sem meditação, não há desenvolvimento, não há maturidade.

Os destinatários de Hebreus queriam o “Cristianismo simples”. “Muito temos que dizer, de difícil interpretação“. O “Cristianismo simples” não se importa com aquilo que é de difícil interpretação e por isso é um Cristianismo fraco, impotente, diluído e mundano. É incapaz de seriamente desafiar o mundo, é incapaz de exigir que o mundo obedeça a Deus porque nem mesmo tem consciência do que é a vontade de Deus. Não têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal e, portanto, não sabe qual é o mal que tem que ser denunciado nem o bem que tem que ser anunciado. Quando muito, explicam os rudimentos – a doutrina da salvação, o Juízo Final, os sacramentos. Mas não é capaz de lidar com as coisas mais complexas da vida porque se resume ao que é “simples”. Na maioria dos casos, nem mesmo chega a isso. É o Cristianismo da infantilidade e da meninice que não é capaz de lutar seriamente contra as maiores iniquidade do mundo porque briga de menino é só no berçário.

Segundo a pesquisa IDS 2012 (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável) divulgada pelo IBGE, a taxa de homicídios no Brasil cresceu 41% em 17 anos, de 1992 a 2009. Em 2009, ano dos dados mais recentes disponíveis, a média de assassinatos no país foi de 27,1 mortes para cada 100 mil habitantes. O “Cristianismo simples” não tem qualquer resposta ou solução para tamanha maldade porque as causas de homicídio são complexas e o “Cristianismo simples” não tem os sentidos exercitados para tudo o que vai além dos rudimentos da doutrina de Cristo. Entre 1973 e 2011, 54.559.615 crianças foram brutalmente assassinadas em abortos legalizados nos Estados Unidos. Novamente, o “Cristianismo simples” não apresenta qualquer solução concreta para impedir que isso continue a acontecer. Afinal, para impedir que acontecer teríamos que nos envolver mais (seriamente) com política, teríamos que aplicar o Cristianismo na política e todo mundo sabe que religião e política não se mistura, não é mesmo? O estado é laico e, portanto, o que nosso Deus nos ensinou sobre não assassinar bebês não importa. Aprendemos essa lição bem com os pagãos odiadores de Deus que continuam a legalizar o infanticídio no ventre materno. No Brasil, 41% do rendimento bruto do contribuinte é gasto em impostos. Neste ano, o trabalhador brasileiro demorou 150 dias para quitar todas as suas obrigações tributárias. Só depois do dia 29 de maio é que começou a acumular algo para si e sua família. O que o “Cristianismo simples” tem a dizer sobre isso? Nada. Isso é uma questão econômica e o oitavo mandamento, “não roubarás”, não se aplica ao que o governo faz, pois já que religião e política não se mistura, o governo não tem a obrigação de parar de roubar a população tomando 41% do que ele ganha. Isso é um mandamento bíblico e o governo não tem que se submeter a mandamentos bíblicos. Não importa se milhões passam fome e vivem na miséria por causa disso. O que importa é pregar o “Evangelho simples” sem jamais ir além dos rudimentos. O governo também controla a educação de nossos filhos. Conforme os mandamentos do MEC, a instituição do governo que sempre sabe qual é o melhor para a educação e para o futuro de nossos filhos, o ceticismo, o relativismo religioso, a arrogância intelectual, o cinismo moral, o materialismo e a promiscuidade sexual são as bases de uma boa educação. Afinal, nosso dever é imitar a Europa e é isso que os europeus estão fazendo. O “Cristianismo simples” não tem nada a ver com isso porque nós não fomos chamados para se meter com escola ou com o governo, mas somente para pregar “o Evangelho simples de Jesus”. É só ensinar a nova versão diluída do Cristianismo que nossos filhos não serão afetados enquanto eles passam 12 anos da vida ouvindo seus mestres lhe dizer, implícita ou explicitamente, que a Bíblia é um documento mitológico.

E se as coisas piorarem por nossa negligencia e rebelião, podemos “simplesmente” consolar um ao outro com as seguintes palavras: “É o fim dos tempos”. (Quem lê entenda)

“A boca do justo fala a sabedoria; a sua língua fala do juízo. A Lei do seu Deus está em seu coração; os seus passos não resvalarão”. (Salmo 37.30-31)


Site: www.resistireconstruir.wordpress.com
Data: 23/08/2012

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