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Por Philip
Yancey
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Durante mais de uma década, os norte-americanos têm assistido
pela televisão a turbas de muçulmanos clamando, aos berros, “Morte
ao Grande Satã!” e queimando nossos presidentes em efígie.
A geografia dos protestos muda – primeiro o Irã e a Líbia,
depois o Líbano e, por último, o Iraque e a Argélia –,
mas o zelo desses muçulmanos não. Alguns desses fanáticos
religiosos nutrem verdadeiro desprezo por nós.
A maioria dos norte-americanos não sabe como lidar com essas circunstâncias.
Fazemo-nos passar por um povo amigável, que não deixa de sorrir
e sempre estende a mão. Nossos líderes políticos parecem
mais tios simpáticos do que tiranos implacáveis. O rótulo
de “Grande Satã” continua a ser lembrado com ressentimento,
pois encaramos os Estados Unidos como uma nação cristã,
muito mais devota do que, digamos, a Europa Ocidental. Pelo menos, ainda
frequentamos a igreja. Como alguém pode nos chamar de abomináveis
ou de pagãos?
Muitos historiadores preveem uma nova grande divisão entre as duas
maiores religiões do mundo: o cristianismo e o islamismo. Nos últimos
tempos, ficamos tão acostumados com a polaridade entre o comunismo
e o capitalismo que nos esquecemos de que o mundo ocidental um dia esteve
obcecado pela polaridade religiosa. Convém desenvolver a compreensão
mútua para que não mergulhemos em um novo conflito de 800 anos
de duração.
A maioria das críticas islâmicas ao Ocidente parece girar em
torno da ultrapassada palavra materialismo. Quando ela descreve a busca de
riquezas e de comodidades trazidas pelo consumo, poucas nações árabes
desaprovam: graças à receita gerada pelo petróleo, o
Golfo Pérsico é a região mais rica do mundo. Mas o materialismo
refere-se a uma abordagem filosófica, uma crença de que a vida
humana consiste principalmente (ou exclusivamente) no que acontece aqui e
agora no mundo material.
Os discípulos do Islã tendem a nos ver como obsessivamente
preocupados com a vida, não com a eternidade por vir. Uma das razões
de Saddam Hussein apostar em uma invasão do Kuwait foi o fato de duvidar
de que o Ocidente, particularmente os Estados Unidos, estivesse disposto
a sacrificar milhares de vidas. Por outro lado, a guerra entre Irã e
Iraque já havia provado que centenas de milhares de fieis muçulmanos
morreriam de bom grado em sinal de “glorioso sacrifício” diante
da promessa de uma passagem instantânea para o paraíso.
Em uma das grandes ironias da História, o Islã decidiu atrair
para si postura de mártir. Os primeiros cristãos prevaleceram
contra Roma porque escolheram as recompensas eternas, não a mera sobrevivência
física. O sangue dos mártires foi a semente da igreja. Hoje,
pouco se ouve falar de recompensas eternas no Ocidente, enquanto muito comentadas
são as técnicas destinadas a manter a morte a distância.
Os jovens árabes que estudam nos Estados Unidos saem impressionados,
e geralmente escandalizados, com o tanto de energia que investimos na vida
física. Examine o que se vende em uma banca de jornais local e conte
os títulos de periódicos dedicados a musculação,
dieta, moda e mulheres nuas – todos eles símbolos da importância
dada às coisas materiais.
Puritanismo é outra palavra cristã adotada pelas sociedades
islâmicas. Durante a Guerra do Golfo Pérsico, pela primeira
vez nos recentes anais da História, os soldados norte-americanos tiveram
de passar sem álcool e sem Playboy, em deferência ao rigoroso
código islâmico na Arábia Saudita. Poucos percebiam que
a diferença de padrões morais entre o Islã e o Ocidente é de
natureza filosófica, não apenas cultural.
Ao definir moralidade, a sociedade norte-americana tende a aplicar o princípio
do resultado final: “Está prejudicando alguém?” A
pornografia, portanto, é legal, desde que não envolva violência
explícita ou assédio a menores. Você pode embebedar-se
legalmente, desde que não quebre a janela do vizinho nem dirija seu
carro embriagado, colocando em perigo a segurança dos outros. A violência
na televisão é permitida, porque todos sabem que os personagens
estão apenas representando.
Esse referencial de moralidade trai o nosso materialismo implícito.
Enquanto definimos prejuízo no aspecto mais físico do termo,
as sociedades islâmicas abordam a questão de um ponto de vista
mais espiritual. Nesse sentido mais profundo, o que poderia ser mais prejudicial
do que o divórcio, digamos, ou a pornografia, ou a violência
como forma de entretenimento, ou até mesmo a descrição
cínica do mal banalizado em um programa de televisão como Melrose
Place? A partir dessa perspectiva, os Estados Unidos passaram a receber a
reputação de “Grande Satã”.
O mesmo materialismo se faz sentir em nossos métodos preferidos de
punição. Os norte-americanos se escandalizam com a “brutalidade” islâmica,
como as decapitações, linchamentos em público e amputação
das mãos dos ladrões. “Como podem ser tão cruéis?”,
perguntamo-nos. Mas trancafiamos adolescentes em celas lotadas de criminosos
infames; será que, em algum momento, ponderamos o que acontece com
suas almas? “Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não
podem matar a alma”, advertiu Jesus. E mais: “É melhor
perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno”.
O escritor italiano Umberto Eco (O Nome da Rosa; O Pêndulo de Foucault)
escreveu um fascinante relato de uma viagem pela América intitulado
Travels in Hyperreality (Viagem pela Hiper-realidade). Ele também
retornou impressionado com o nosso materialismo básico. Observou que
os norte-americanos chegam até a conferir substância física
aos seus mitos. Os antigos gregos homenageavam seus heróis com música
e poesia em torno de uma fogueira; os norte-americanos trocam apertos de
mão com os seus, na Disneylândia, representados por pessoas
caracterizadas em célebres personagens com fantasias de veludo e algodão.
A programação religiosa veiculada pela televisão intrigava
Eco: “Se acompanhar os programas religiosos que a televisão
leva ao ar aos domingos, você passa a compreender que Deus só pode
ser sentido em forma de natureza, carne, energia e imagem tangível.
E como nenhum pregador ousa nos mostrar Deus sob a forma de um boneco barbudo,
ou como um robô da Disneylândia, Deus só pode ser encontrado
em forma de força natural, alegria, cura, juventude, saúde
e progresso econômico.” Onde está o mysterium tremendum,
perguntava-se Eco; onde está o Deus sagrado, misterioso e inefável?
Confesso que, das grandes religiões do mundo, o Islã é a
que tenho mais dificuldade de compreender e de admirar. Não acho sua
doutrina convincente e considero seu fanatismo aterrorizante. Entretanto,
as questões levantadas pelo Islã deveriam incomodar os cristãos
aqui no Ocidente. Acima de tudo, o Islã cultiva a crença em
um Deus sagrado e misterioso, além de nutrir profunda fé em
uma vida espiritual e imortal, não apenas em uma existência
material e finita. Nós, “infiéis”, temos algumas
lições a aprender.
Retirado, com permissão, de Encontrando Deus nos Lugares mais Inesperados
(Editora United Press)
Fonte: www.ultimato.com.br/revista/artigos/275/por-que-os-muculmanos-nos-odeiam
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