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   Quando os discípulos de Jesus ouviram sua alarmante profecia sobre a destruição do templo e o julgamento de Jesus na geração deles (Mateus 23:36-39), eles perguntaram quando a destruição aconteceria, que sinais precederiam este evento, e que sinal demonstraria Sua vinda e o “fim da idade” (Mateus 24:3). É quase óbvio que os discípulos associaram a “vinda” de Jesus com o “fim da idade”. A “vinda” de Mateus 24:3 refere-se à vinda de Jesus em julgamento sobre Jerusalém em 70 DC. Tiago, assim como os outros escritores do Novo Testamento, foi claro ao afirmar a proximidade da vinda de Jesus: “A vinda do Senhor está próxima” (Tiago 5:8), isto é, próxima para aqueles que leram a epístola primeiro.

   A destruição do templo, e com ele, o sacerdócio e sistema de sacrifícios, inaugurou uma nova idade onde o “sangue de Cristo” purifica nossas “consciências das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hebreus 9:14). Portanto, a expressão “fim da idade” refere-se ao “fim da idade ‘Judaica’”, isto é, o tempo de transferência do caráter nacional para o caráter internacional do povo de Deus,”(1) o que o apóstolo Paulo descreve como o “fim dos séculos”. O “fim” chegou sobre a igreja do primeiro século (1 Coríntios 10:11).

   O escritor de Hebreus usa uma frase semelhante: “Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hebreus 9:26). Jesus foi manifestado não no princípio, mas “na consumação dos séculos”. O período entre 30 DC e 70 DC é, como o apóstolo Pedro o descreve, o “último tempo” (1 Pedro 1:20). À medida que o tempo para a destruição de Jerusalém se aproximava, Pedro poderia dizer que “Já está próximo o fim de todas as coisas” (1 Pedro 4:7). Milton Terry propõe o seguinte como um resumo do significado de “fim da idade”:

   O encerramento solene da dispensação então em curso foi quando o templo caiu, e não ficou pedra sobre pedra para ser derrubada. Essa catástrofe, que em Hb. XII.26, é descrita como um tremor dos céus e da terra, é o fim previsto neste discurso, não o “fim do mundo”, mas o término e consumação da era pré-messiânica. (2)

   Repare que os discípulos não perguntaram sobre a dissolução dos céus e da terra físicos ou do julgamento do “mundo” (kosmos). Após ouvirem Jesus pronunciar o julgamento sobre o templo e a cidade de Jerusalém (Mateus 23:37-39), Seus discípulos perguntam sobre o fim da “idade” (aion). Quando o “fim” aconteceu? O único evento escatológico aproximado que se ajusta ao prazo para o “fim da idade” é a destruição de Jerusalém em 70 DC. Os discípulos sabiam que a destruição da cidade significaria o fim da ordem da antiga aliança e a inauguração de uma nova ordem. Como judeus familiarizados com a simbologia do Antigo Testamento, os discípulos recordaram o significado desta linguagem peculiar. Em nenhum momento Jesus corrige ou modifica essa questão multifacetada dos discípulos.

   Os inúmeros delimitadores de tempo do Novo Testamento demonstram que Jesus não tinha um "fim" distante em mente quando falou do "fim dos tempos." Charles Wright, em seu comentário sobre Zacarias, oferece o seguinte e útil argumento sobre o significado do "fim dos tempos":

   O fim da lei de Moisés, que limitada em grande parte a Israel segundo a carne pode muito bem ser chamada de dispensação Judaica, foi justamente considerado como “o fim dos tempos” (Mateus xxiv. 3). O Messias era visto como o portador de um novo mundo. O período do Messias era, portanto, corretamente caracterizado pela Sinagoga como “mundo vindouro”. Neste sentido o nosso Senhor usou essa expressão quando pronunciou o aviso solene de que o pecado contra o Espírito Santo não seria perdoado "nem neste mundo (a dispensação de então), nem no mundo vindouro" (Mt XII.32), ou a nova dispensação, quando, "tendo superado o aguilhão da morte," Cristo "abriu o reino dos céus a todos os crentes." (3)

   O “mundo vindouro”, portanto, é simplesmente uma designação para a idade Cristã, uma idade que foi por muito tempo predita pelos profetas. Abraão, por exemplo, “exultou por ver o dia de Jesus, e o viu, e alegrou-se” (João 8:56). A antiga aliança, com seu serviço de sacrifícios de animais e sacerdócio terreno, passou quando o Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, tirou o pecado do mundo.

   Entre os aderentes do Preterismo reformado há grande acordo quanto à interpretação supracitada e a aplicação de Mateus 24:1-34 a destruição de Jerusalém em 70 DC. Entre esses mesmos preteristas, no entanto, surge um debate sobre uma proposta de mudança de temas e idades com os versos 35 e 36 sendo versos de transição de tempo. Vários comentaristas afirmam que Jesus redireciona sua discussão da Grande Tribulação de 70 DC (Mateus 24:1-34) para uma vinda distante que irá resultar na destruição dos presentes "céus e terra" físicos (24.35).

   J. Marcellus Kik escreve em seu comentário altamente respeitado e influente sobre o discurso de Jesus no Monte das Oliveiras, Uma Escatologia de Vitória, que "muitos têm reconhecido que ocorre uma mudança de assunto no versículo 36. [Charles H.] Spurgeon indica isto em seu comentário do versículo 36 [de Mateus 24]: "Há uma mudança evidente nas palavras de nosso Senhor, o que indica claramente que elas se referem à sua última grande vinda para o julgamento. '" (4) Kenneth L. Gentry, autor de muitas obras úteis sobre profecia, tem uma opinião semelhante. (5) Embora eu respeite o trabalho desses homens, eu discordo com eles quanto a análise de Mateus 24:35 e subsequentes.

A Passagem dos Céus e da Terra

   Jesus não muda de assunto quando assegura a seus discípulos que “os céus e a terra passarão”. Ao invés disso, Ele simplesmente afirma sua predição anterior que está registrada em Mateus 24:29-31. O verso 36 é uma declaração resumida e confirmativa desses versos. (6) Tenha em mente que o foco central do discurso das Oliveiras é a desolação da “casa” e do “mundo” de Israel apóstata (Mt. 23:36). O velho mundo do judaísmo, representado pelo mundo terreno, é deixado em pedra sobre pedra (Mt. 24:2). James Jordan escreve: “Sempre que Deus trouxe julgamento sobre o seu povo durante a Antiga Aliança, havia o simbolismo de velhos céus e terra substituídos por novos: novos governantes eram estabelecidos, um novo modelo de mundo simbólico era construído (tabernáculo, Templo), e assim por diante."(7) a Nova Aliança substitui a antiga aliança, com novos líderes, um novo sacerdócio, novos sacramentos, um novo sacrifício, um novo tabernáculo (João 1:14), e um novo templo (João 2:19, 1 Coríntios 3:16, Efésios 2:21). Em essência, novos céus e nova terra.

   O escurecimento do sol e da lua, e a queda das estrelas, juntamente com o abalo dos céus (24:29), são formas mais descritivas de dizer que "os céus e a terra passarão" (Mateus 24:35). Em outros contextos, quando as estrelas caem, caem para a terra, um sinal claro de julgamento temporal (Isaías 14:12; Daniel 8:10, Apocalipse 6:13; 9:1; 12:4). Então, a "passagem dos céus e da terra" é a passagem do mundo da antiga aliança do judaísmo liderado e defendido por aqueles que "crucificaram o Senhor da glória" (1 Coríntios 2:8).

   John Owen afirmou que a "passagem dos céus e da terra" em 2 Pedro 3:57 tinha referência, não "para o juízo final e fim do mundo, mas para a desolação e destruição da Igreja e Estado judaicos que estava para acontecer” no ano 70 DC. (8) John Brown, comentando sobre Mateus 5:18, segue a mesma metodologia.

   "A passagem dos céus e da terra" entendida literalmente é a dissolução do atual sistema do universo, e o período em que isso acontece é chamado de "fim do mundo." Mas uma pessoa familiarizada com a fraseologia das Escrituras do Antigo Testamento sabe que a dissolução da economia mosaica, e o estabelecimento da cristã, é muitas vezes descrita como a remoção dos velhos céus e terra, e a criação de um nova terra e novos céus.(9)

   John Lightfoot aplica a frase "passagem do céu e da terra" para a "destruição de Jerusalém e de todo estado judaico como se toda a estrutura deste mundo fosse dissolvida."(10)

Esta e Aquele

   Gentry escreve que "parece haver um contraste entre o que está próximo (no versículo 34) e o que está longe (no versículo 36): esta geração vs. naquele dia. Parece mais apropriado para Cristo ter falado "Neste dia" do que "naquele dia", se ele tinha a intenção de se referir ao tempo de "esta geração."(11) De modo algum. Devemos esperar que orador use “aquele” para se referir a um tempo ainda futuro, seja esse evento em 40 ou quatro mil anos no futuro. "Esta geração" se refere a presente geração que Jesus abordou. "Esta" é, portanto, a palavra apropriada para algo presente, enquanto "aquele" é a palavra mais adequada para algo futuro. Arndt e Gingrich concordam: "Trata-se de algo relativamente próximo, à mão, assim como ekeinos [aquele] se refere a algo relativamente mais longe."(12) "Aquele dia" viria na destruição final dos judeus que rejeitaram o seu Messias, um tempo ainda no futuro para a audiência de Jesus. John Gill escreve:

   "Mas daquele dia e hora ninguém sabe, o que é para ser entendido, não da segunda vinda de Cristo, o fim do mundo, e o juízo final, mas da vinda do filho do homem, para tomar vingança contra os judeus, e de sua destruição, pois as palavras manifestamente consideram a data das muitas coisas acontecendo antes, o que só pode ser aplicado a essa catástrofe e desolação terrível".(13)

   Gill assume que o contexto anterior do capítulo governa o significado de "aquele dia". Como foi apontado anteriormente, Mateus 24:29 é uma descrição familiar do Antigo Testamento a respeito da "passagem do céu e da terra", isto é, o fim de um sistema social, religioso e político.

   O Comentário de John Lightfoot mostra que a única referência possível era a destruição de Jerusalém no ano 70 dC: "Que o discurso é sobre o dia da destruição de Jerusalém é evidente, tanto pela pergunta dos discípulos, quanto por todo o segmento do discurso de Cristo, seria surpresa se alguém compreendesse estas palavras do dia e da hora do juízo final."(14)

A Ausência de Sinais

   Outra razão apresentada como apoio para dividir o capítulo em 24:35 é que os sinais que se seguem são de natureza geral em comparação com sinais específicos detalhados no 24:1-34. Há duas boas razões para a ausência de sinais. Primeiro, os sinais já foram dados. Todos os sinais que eram necessários para compreender o momento geral da volta de Jesus no julgamento foram especificados. Segundo, o tema muda de sinais que antecederiam a destruição do templo para a vigilância durante o intervalo.

Aqueles Dias e Naquele Dia

   Gentry escreve que "devemos notar a ênfase da pré-transição de 'dias' no plural, em contraste com o foco do "dia" posterior no singular. "Esta geração" envolve muitos dias para a plena realização da prolongada (Mateus 24:22) Grande Tribulação." Ele afirma que, “em contraste com os "muitos dias" da grande tribulação, "naquele dia", do futuro Segundo Advento, virá em um momento, num abrir e fechar de olhos (cf. 1 Cor. 15:52)." Observe, entretanto, que a Grande Tribulação de Mateus 24:15-28 não inclui nem a dissolução do mundo social, político e religioso dos judeus (24:29) ou a "vinda do Filho do Homem" (24:30). Os acontecimentos de 24:29-30 (a vinda de Jesus em juízo antes que a geração do primeiro século passasse) seguem "imediatamente após a tribulação daqueles dias" (24:29). Tal distinção indica que Jesus estava apontando para um determinado dia, quando o templo e a cidade de Jerusalém cairia.

   A descrição da Grande Tribulação conduz para o coração do discurso que é encontrado em 24:29-31. É por isso que Mateus descreve a "vinda do Filho do Homem" como posterior aos "dias" da Grande Tribulação. A "vinda do Filho do Homem" em 24:30 é paralela ao "Filho do Homem" que vem "para o Ancião dos Dias" em Daniel 7:13. Esta "vinda" não era um evento multi-diário, ela aconteceria em um determinado dia conhecido apenas pelo pai. O colapso do mundo social, religioso e político de Israel (Mateus 24:29) - testemunhado por dezenas de milhares de pessoas ao verem sua amada cidade e santuário em meio a chamas e cinzas - era evidência de que o Filho do Homem tinha vindo "até o Ancião dos Dias, e se apresentado diante dele" (Daniel 7:13; cf. Mateus 24:30).

Assim como nos dias de Noé

   Para ajudar seus ouvintes a compreender melhor o momento e as circunstâncias dos acontecimentos que levaram até e incluiram a destruição do templo antes que sua geração passasse, Jesus recorre a um evento de julgamento familiar do Antigo Testamento - o dilúvio. Jesus, ensinando por analogia, mostra como a vinda das águas do dilúvio e sua própria vinda são semelhantes. No tempo de Noé, lemos sobre "os dias anteriores ao dilúvio" e "o dia em que NOÉ ENTROU NA ARCA" (Mateus 24:38). Da mesma forma, havia dias antes da vinda do Filho do Homem e o dia da vinda do Filho do Homem. As mesmas pessoas estavam envolvidas em ambos os "dias antecedentes" e "o dia” do Filho do Homem. Aqueles que "estavam comendo e bebendo" e "casavam e davam-se em casamento", eram as mesmas pessoas que foram expulsas no "dia em que Noé entrou na arca." (15) Noé entrou na arca em um único dia, semelhante à maneira em que Jesus como o Filho do Homem veio sobre as "nuvens do céu, com poder e grande glória" (24:30), um dia e hora conhecida apenas pelo Pai (24:36). "Alguns seriam resgatados da destruição de Jerusalém, como Ló do meio do incêndio de Sodoma, enquanto outros (...), seriam deixados para morrer nela." (16)

Sinópticos

   Lucas 17:22-37 descreve cinco dos eventos proféticos do Sermão das Oliveiras que são idênticos aos encontrados em Mateus 24. A diferença entre Mateus 24 e Lucas 17, é a ordem dos eventos, uma característica das passagens que poucos comentaristas podem explicar. Ray Summers, uma exceção à regra, faz os seguintes comentários:

   Trata-se de uma passagem mais difícil. A referência geral parece ser a vinda do Filho do Homem - Cristo - em julgamento no final da idade. Algumas pequenas partes delas, no entanto, são repetidas em Lucas 21, em referência à destruição de Jerusalém (70 DC), e maior parte disto está em Mateus 24, também no que se refere à destruição de Jerusalém. Todo o complexo adverte contra o dogmatismo na interpretação (17).

   Considerando Mateus 24 como padrão, Lucas coloca a analogia da Arca de Noé (Mateus 24:37-39) antes dos acontecimentos de Mateus 24:17-18 ("E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa"), versículo 27 ("Pois assim como o relâmpago sai do oriente "), e o versículo 28 ("onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias"). Se os cinco eventos proféticos de Mateus 24 que são encontrados em Lucas 17:22-37 são numerados 1-2-3-4-5, a numeração de Lucas dos mesmos eventos seria 2-4-1-5-3.

Depois de muito tempo

   Outra linha de evidência oferecida por aqueles que acreditam que os eventos seguintes de Mateus 24:34 referem-se ao retorno pessoal e físico de Jesus é o significado dado à "depois de um longo tempo" ou “O meu senhor tarde virá“ (24:48; 25:19) e o "atraso" do noivo (25:5). À primeira vista, esses exemplos parecem indicar que dois eventos diferentes estão em vista, um próximo (a destruição de Jerusalém) e um distante (a segunda vinda de Cristo). Esta é a visão de Stephen F. Hayhow. Ele escreve:

   Ambas as parábolas, a parábola das virgens (vv. 1-13) e, a parábola dos talentos (vv. 14-30), falam da ausência do esposo/mestre, que é descrito como "demorando a chegar" (v. 5) e "E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos" (v. 19). Isto sugere, não os eventos de 70 dC, que ocorreriam no futuro próximo, de fato, no espaço de uma geração, mas um evento distante, o retorno de Cristo.(18)

   Observe que o servo mau diz: "O meu senhor tarde virá" (Mateus 24:48). O servo mau então começa a “maltratar os outros servos, seus companheiros, metendo-se em festas e ficando embriagado" (24:49). Mas, para a surpresa do "servo mau" o mestre volta quando ele menos espera (24:50). O mestre não retornou para cortar em pedaços parentes distantes do servo mau (24:51), ele cortou o servo mau em pedaços. O servo mau estava vivo quando o mestre saiu, e estava vivo quando o mestre retornou. Neste contexto, o "tempo" deve ser medido de acordo com a vida de uma pessoa. No contexto, dois anos poderia ser um longo tempo se o mestre voltasse normalmente no prazo de seis meses.

   A mesma idéia é expressa na parábola dos "talentos". Um homem confia suas posses a seus servos (25:14). O mestre então sai em uma viagem (25:15). Enquanto o mestre está longe, os servos tomam decisões de investimento (25:16-18). Então nos é dito que "depois de muito tempo o senhor daqueles servos veio e acertou contas com eles" (25:19). No entanto, quão longo este “muito tempo” seja, não é mais longo do que a medida de um tempo de vida. O acerto de contas é feito com os mesmos escravos que receberam os talentos.

   O atraso do noivo não é diferente do "tempo" das duas parábolas anteriores. O noivo retorna para os mesmos dois grupos de virgens (25:113). A duração do atraso deve ser medido pelo público.

   Esta breve análise nos ajuda a entender os "escarnecedores", que perguntam: "Onde está a promessa da sua vinda?" (2 Pedro 3:3-4). Pedro estava consciente de que a vinda de Jesus era um evento que aconteceria antes que o último apóstolo morresse (Mateus 16:27-28, João 21:22-23). A doutrina do breve retorno de Cristo era de conhecimento comum (Mateus 24:34, 26:64, Filipenses 4:5, Hebreus 10:25, 1 João 2:18, Apocalipse 1:1, 3). Não é difícil imaginar que a passagem de várias décadas iria levar alguns a duvidar da confiabilidade da profecia, especialmente quando a geração prometida estava chegando ao fim. Os terríveis acontecimentos de 70 dC silenciou os escarnecedores.

   A “vinda do Filho do Homem” em Mateus 24:37 é diferente da “vinda do Filho do Homem” dos versos 27 e 30? Não há indicação de que Jesus esteja descrevendo duas vindas separadas por um período de tempo indeterminado. O que teria levado os discípulos a concluírem que Jesus estava descrevendo uma vinda diferente da que Ele descreveu momentos antes, quando ele usa uma linguagem idêntica para descrever as duas? Jesus não diz "esta vinda do Filho do Homem" ou "aquela vinda do Filho do Homem" para distinguir duas vindas como faz com "esta geração" e "aquele dia".

   Da mesma forma, há pouca evidência de que a "vinda do Filho do Homem", em Mateus 24:27, 30, 39 e 42, é diferente da "vinda do Filho do Homem" em 25:31. Compare Mateus 25:31 com Mateus 16:27, uma referência certa para a destruição de Jerusalém em 70 dC:

Mateus 16:27 - "Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras".

Mateus 25:31 - "E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;"

   Estes versos são quase idênticos. O momento de Mateus 16:27 está ligado ao versículo 28: “Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.”

   "Dará a cada um segundo as suas obras" corresponde a "Ele se assentará no trono da sua glória" para executar o juízo entre as nações (25:32). Mas como pode ser dito que este juízo universal tenha sido cumprido em 70?

   Não há nenhuma indicação de que Mateus 25:31-46 descreva um único evento. Antes, a passagem descreve um julgamento prolongado, relacionada ao domínio de Jesus como um "domínio eterno" (Daniel 7:14). Jesus estava "exaltado à mão direita de Deus", onde Ele governa até que todos os seus inimigos sejam postos por "escabelo de seus pés" (Atos 2:33, 35). Paulo escreve que Jesus "deve reinar até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés" (1 Coríntios 15:25). Milton Terry escreve que "o ideal do juízo apresentado em Mateus XXV, 31-46, é, portanto, nenhum único evento, como a destruição de Jerusalém."(19)

   Terry Continua:

   "A doutrina do Antigo Testamento é que "O reino é do SENHOR, e ele domina entre as nações” (Salmo XXII, 28). “Dizei entre os gentios que o SENHOR reina. O mundo também se firmará para que se não abale; julgará os povos com retidão... Ante a face do SENHOR, porque vem, porque vem a julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos com a sua verdade” (Salmo XCVI, 10-13). O Dia do Juízo para qualquer nação maldosa, Cidade, ou indivíduo é o momento quando a visitação penal vem; e o julgamento dos santos de Deus se manifesta em cada sinal de evento que amplia a bondade e condena a iniquidade".(20)

   O Rei da glória está continuamente julgando e reinando entre as nações, e Ele não deixará de fazer esta obra até que tenha aniquilado "todo império, e toda a potestade e força” (1 Coríntios 15:24).

Conclusão

   A solução para determinar quando certos eventos proféticos acontecem é a presença dos delimitadores de tempo no contexto. A frase "muito tempo" têm sido usada para prolongar vários milênios, embora não haja indicação de um período tão longo de tempo em Mateus 24:48 e 25:19. Enquanto todos admitem que os delimitadores de tempo estejam presentes em Mateus 24-25, poucos estão dispostos a permitir que as próprias palavras e o contexto definam os limites da duração do “muito tempo”. O uso de "muito tempo" não tem nenhum significado escatológico em outros contextos do Novo Testamento (Lucas 8:27; 20:9; 23:8, João 5:6, Atos 8:11; 14:3, 28; 26:5, 29: 27:21; 28:6). O mesmo pode ser dito para o uso do Novo Testamento de "atraso" (Lucas 1:21; 18:07, Atos 09:38; 22:16; 25:17, Hebreus 10:37, Apocalipse 10:6).

   As parábolas de Mateus 24-25 são claras sobre a duração dos atrasos - os dois mestres que partem em uma viagem regressam para as mesmas pessoas que deixaram. Não há necessidade de alegorizar estas parábolas e forçá-las a retratar uma vinda de Cristo distante. Além disso, o atraso do noivo na parábola das dez virgens não é muito longo, a menos que as virgens estejam relacionadas com o Rip Van Winkle*. As virgens ficam sonolentas ao anoitecer, e o esposo retorna à meia-noite (25:6). Como este "atraso" pode ser transformado em um espaço de tempo de quase dois mil anos de duração?

 

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Nota importante do Editor:

   Se ficou alguma dúvida sobre este texto da "Passagem dos Céus e da Terra", que fique claro que Gary DeMar de maneira alguma nega a Segunda Vinda de Cristo no fim dos dias, mas a grande questão aqui discutida é que Mateus capítulos 24 e 25 refere-se exclusivamente à eventos que ocorreram no primeiro século, dentro daquela geração. Se o leitor quiser saber sobre a Segunda Vinda de Cristo, poderá procurar em outros textos bíblicos do Novo Testamento. A Segunda Vinda de Cristo sempre está relacionada com o dia da ressurreição dos mortos.
    Para esclarecer qualquer dúvida sobre escatologia bíblica, temos mais de 400 arquivos à disposição do leitor em nosso site: www.revistacrista.org

    Se preferir, escreva-nos: ultimachamada@bol.com.br

 

[* Rip Van Winkle - "é o nome de uma narrativa curta de um personagem homônimo, escrita pelo Washington Irving e publicada em 1819, baseada em contos germânicos que Irving conheceu, ouviu e aprendeu durante o período no qual passou na Europa. De acordo com Charles M. Skinner, no livro Myths and Legends of our Own Land, esta é a mais conhecida das lendas americanas.
   Este conto foi escrito durante um estágio de Irving na Inglaterra e conta sobre os tempos antes e após a revolução norte-americana. Conta que um homem, fugindo à sua esposa má, corre até uma floresta. Depois de muitas aventuras ele põe-se a descansar embaixo de uma árvore umbrosa, e adormece.
   Vinte anos após ele acorda e decide regressar a sua vila. Ele mete-se logo em dificuldades quando ovaciona George III, não sabendo, no entanto, que se tinha realizado a revolucão e que já não se devia saudar a monarquia.
   Por causa deste conto, Rip van Winkle também é associado às pessoas que não dão conta que certas coisas mudaram, como o retorno ao lar depois de tantos anos sem notícias". Fonte: Wikipedia.]

 

 

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Notas:

1. R. T. France, The Gospel According to Matthew: An Introduction and Commentary (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1985), 337.

2. Milton S. Terry, Biblical Apocalyptics: A Study of the Most Notable Revelations of God and of Christ (Grand Rapids, MI: Baker Book House, [1898] 1988), 225.

3. Charles Henry Hamilton Wright, Zechariah and His Prophecies (Minneapolis, MN: Klock and Klock, [1879] 1980), 449.

4. J. Marcellus Kik, An Eschatology of Victory (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed, 1975), 158.

5. Kenneth L. Gentry, Jr., "An Encore to Matthew 24," Dispensationalism in Transition (May 1993).

6. Henry Alford, The New Testament for English Readers (Chicago, IL: Moody Press, n.d.), 169.

7. James B. Jordan, Through New Eyes: Developing a Biblical View of the World (Brentwood, TN: Wolgemuth & Hyatt, 1988), 167.

8. John Owen, The Works of John Owen, 16 vols. (London: The Banner of Truth Trust, 1965¬68), 9:134.

9. John Brown, Discourses and Sayings of Our Lord, 3 vols. (Edinburgh: The Banner of Truth Trust, [1852] 1990), 1:170.

10. John Lightfoot, Commentary on the New Testament from the Talmud and Hebraica: Matthew -- 1 Corinthians, 4 vols. (Peabody, MA: Hendrickson Publishers, [1859], 1989), 3:454.

11. Gentry, "An Encore to Matthew 24," 2.

12. A Greek-English Lexicon of the New Testament.

13. John Gill, An Exposition of the New Testament, 3 vols. (Paris, AR: The Baptist Standard Bearer, [1809] 1989), 1:296.

14. Lightfoot, Commentary on the New Testament from the Talmud and Hebraica, 2:442.

15. Jesus "came up to the Ancient of Days" (Daniel 7:13) while Noah and his family ascend above the flood waters.

16. Thomas Newton, Dissertations on the Prophecies, Which Have Remarkably Been Fulfilled, and at This Time are Fulfilling in the World (London: J.F. Dove, 1754), 379.

17. Ray Summers, Commentary on Luke: Jesus, the Universal Savior (Waco, TX: Word Books, 1972), 202.

18. Stephen F. Hayhow, "Matthew 24, Luke 17 and the Destruction of Jerusalem," Christianity and Society 4:2 (April 1994), 4.

19. Milton S. Terry, Biblical Apocalyptics: A Study of the Most Notable Revelations of God and of Christ (Grand Rapids, MI: Baker Book House, [1898] 1988), 251.

20. Terry, Biblical Apocalyptics, 251.

 

 




A Passagem dos Céus e da Terra
Por Gary DeMar
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Tradução: Paulo Tiago Moreira Gonçalves