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Com Nicolas Cage, "O Apocalipse" traz visão conflitante do fim dos tempos
Rodrigo Zavala
Do Cineweb, em São Paulo
26/10/2014
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Inspirado
na série de livros "Left Behind", com nada menos
que 12 best-sellers escritos por Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins, "O Apocalipse" (em
uma tradução de título um tanto equivocada) vai ao centro
de uma das mais polêmicas crenças evangélicas, protestantes
e cristãs: o arrebatamento, quando os verdadeiros crentes são
elevados ao céu. Fica-se então com o conflito, no livro e filme,
daqueles que foram "deixados para trás".
Nos vários textos bíblicos que dão base a essa crença
(Apocalipse, Mateus, Tessalonicenses etc.), para aqueles que seguem a Bíblia
como fonte de revelação suprema, a história retratada é conflitante.
Principalmente no que se refere às crianças, colocadas aqui
como inocentes que são diretamente arrebatadas, enquanto nas escrituras
apenas as de famílias fiéis são elevadas.
A escolha dos autores tornou o produto mais popular (quem quer ver bebês
sofrendo?), para além da literatura digestiva, mas repleta de suspense.
No filme, o pop ficou por conta da escolha de Nicolas Cage, como um dos protagonistas,
ao lado do ator Chad Michael Murray (que fez sucesso em séries de
TV como "One Three Hill").
Mas a nova produção, contrariamente à franquia realizada
a partir da mesma fonte em 2000, apenas se inspira no livro. Desta vez, vemos
as agruras da família Steele, quando a filha Chloe (Cassi Thomson)
vai passar uns dias com seus pais.
No aeroporto, onde o pai, Rayford (Cage), trabalha como piloto, conhece o
jovem jornalista investigativo Buck Williams (Murray), com quem inicia um
comportado flerte. O rapaz tem um voo marcado para Londres, coincidentemente
pilotado por Rayford.
Quando vai para casa, Chloe encontra a mãe Irene (Lea Thompson), que
segue de forma mais fundamentalista os textos bíblicos. Como se trata
de uma obra de cunho religioso, a moça é refratária às
crenças (demonstrando uma intolerância crônica) e, assim,
quando o arrebatamento chega, percebe não apenas que a mãe
estava certa, como também o erro em suas escolhas de vida.
Enquanto isso, o pai, que está em pleno voo transatlântico,
deve lidar com passageiros enfurecidos pelo sumiço de alguns amigos
e familiares, em especial das crianças. E pior: precisa desviar de
outros aviões que vagam, no automático, pelo céu, já que
seus pilotos também foram arrebatados.
Com baixo orçamento, algo em torno de 16 milhões de dólares,
a crise que se instaura na Terra, que remete ao caos apocalíptico,
mostra-se muito mal-ajambrada, com cenas que lembram as realizadas em estúdios
de atrações de parques temáticos. Porém, o que
mais chama a atenção negativamente são os diálogos,
feitos para o filme (muito longe do que se mostra nos livros), pouco críveis
nas performances de seus limitados atores.
Da enigmática série de TV "The Leftovers" (de HBO,
baseada no livro de Tom Perrotta), ao estapafúrdio "É o
Fim" (com Seth Rogen e James Franco), as recentes produções
sobre o arrebatamento parecem todas superiores na forma e conteúdo.
Algo bastante frustrante, seja para quem segue as escrituras, seja para os
fãs dos 12 volumes de "Left Behind".
Fonte:
http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2014/10/22/o-apocalipse-traz-visao-conflitante-do-fim-dos-tempos.htm
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