Editorial 019

Uma pessoa - em uma rede social - perguntou para o grupo em que ela faz parte se a minha posição acerca do "estado intermediário"[1] seria histórica, bíblica, correta etc. Um pastor presbiteriano, muito conhecido, deu uma explicação sobre qual era na realidade a minha posição acerca do assunto. Indagado se era heresia, o pastor respondeu: "É heresia".

O referido pastor - que é conhecedor do meu trabalho, pelo menos conhecedor em parte, não na totalidade - dá um tiro no pé com uma declaração dessa. Primeiro ele erra por não me procurar para me repreender (uma vez que supostamente eu estaria ensinando heresia). Mas o pior de tudo é que ele ignora que no site da Revista Cristã Última Chamada publiquei um artigo intitulado "Lutero, a Morte e o Post Mortem: Ars moriendi protestante - uma breve introdução",[2] de autoria de Charles Grimm, o qual é "de uma tradição calvinista", tradição esta que o referido pastor presbiteriano também faz parte (quem sabe Grimm tenha mais crédito por ser de uma tradição calvinista, não é mesmo?).

Esse artigo de Grimm mostra que o pensamento de Lutero sobre o Estado Entermediário é praticamente o meu pensamento também. E mais ainda, em relação ao Estado Intermediário tenho que concordar com o teólogo G.C. Berkouwer que escreveu que "aquilo que o Novo Testamento nos fala acerca do estado intermediário não passa de um sussurro".[3]

Eu creio que devido ao fato da Bíblia sussurrar sobre o tema é mais do que um aviso para não se especular muito sobre o assunto. Já li de um teólogo calvinista famoso que os crentes estão "ansiosos" no Céu esperando pela ressurreição. Ansiedade no Céu? O problema é que se fosse eu que tivesse escrito isso a coisa seria diferente.

Mas há coisas que são uma questão de lógica: o Estado Intermediário é apenas do nosso ponto de vista humano, baseado no tempo físico. No mundo espiritual o tempo passa na mesma velocidade? O dia da ressurreição final para nós, os vivos, poderá levar milhares de anos para chegar, ao passo que para quem morre seria como num abrir e fechar de olhos. Já vi pastores presbiterianos concordarem com esta ideia.

Qual o problema se eu penso assim?

Eu sei onde está o problema. É que não sou um crente Reformado conhecido, não tenho credenciais e não faço parte do mesmo "grupinho". Há muito tempo tenho sido discriminado nesse meio. Tenho sentido isto na pele. É verdade, não estou mentindo! Eis o motivo porque tenho me distanciado desse meio.

Por outro lado, as multidões de pessoas comuns, pentecostais e neo-pentecostais, ateus e católicos, têm me procurado e desfrutado de um gigantesco material que tenho produzido durante anos. Minha ortodoxia é refinadíssima, não deixo nada a desejar.

Faço um convite e um desafio público ao referido pastor presbiteriano: procure nas mais de vinte mil páginas de estudos que já publiquei uma heresia sequer. Se achar pelo menos uma, eu imediatamente a eliminarei do site da Revista Cristã Última Chamada.

O pior de tudo é trabalhar com tanto suor para instruir as pessoas e depois ficar sabendo que esses pastores fazem discriminação. Só o que eles e seu grupinho produzem é o que é ortodoxo e deve ser pesquisado.

Mas não tem problema, Deus me deu a missão e o dom para fazer o que estou fazendo. Tenho acesso direto as multidões carentes da Palavra, algo que, infelizmente, os Reformados se distanciaram há muito tempo.

Senhores pastores e crentes Reformados, Deus não quer debates intermináveis sobre Teonomia, Pós-milenismo e Preterismo confinados ao "mundinho" de vocês. Deus quer mãos à obra. Vamos trabalhar, já!

Senhores pastores e teólogos Reformados, a quantidade astronômica de material sobre Pós-milenismo e Preterismo que produzi até hoje era obrigação de vocês terem produzido antes de mim, mas a vossa velocidade de lesma, o preconceito de que esse conhecimento escatológico caia em mãos supostamente erradas (já ouvi sobre isto várias vezes), os impedem de prossseguir.

Esta crítica que faço é apenas construtiva. Que sirva de reflexão. Se alguém tiver ouvidos para ouvir, ouça!

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Notas:

1. Estado intermediário - é o período entre a morte e a ressurreição em que o falecido aguarda no Céu ou no inferno o dia da ressurreição dos mortos e o Juízo Final.

2. Lutero, a Morte e o Post Mortem: Ars moriendi protestante - uma breve introdução, Grimm, Charles. Texto originalmente publicado na revista iProdigo em que o tema da publicação foi “Morte e Vida”. GRIMM, Charles. “Lutero, a Morte e o Post Mortem: ars moriendi protestante - uma breve introdução”. Revista iPródigo, No 2 (2012), p. 50-57. Para ver o referido texto no site da Revista Cristã Última Chamada clique aqui

3. O Estado Intermediário dos Mortos. Por Marco Panaggio. Site: http://www.e-cristianismo.com.br/teologia/o-estado-intermediario-dos-mortos.html Acessado dia 15 de Novembro de 2019.