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“Façam isso, compreendendo o tempo em que vivemos. Chegou a hora de vocês despertarem do sono, porque agora a nossa salvação está mais próxima do que quando cremos.
A noite está quase acabando; o dia logo vem. Portanto, deixemos de lado as obras das trevas e vistamo-nos a armadura da luz.
Comportemo-nos com decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja.
Pelo contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne".
(Romanos 13:11-14 – Nova Versão Internacional – o grifo é meu)
Essas palavras acima foram interpretadas de várias maneiras. Alguns as usam para pôr a Bíblia em descrédito, outros para dizer que o Preterismo está errado quando diz que o “em breve” não pode significar um longo de período de tempo de até milhares de anos depois. Nesta última acusação contra o Preterismo, as pessoas vão dizer que uma vez que Paulo disse que “o dia logo vem”, e que a “salvação está mais próxima”, logo, estaria ele crendo que o “próximo” ou “em breve” pode significar até milhares de anos no tempo de Deus.
Para desfazer todas essas confusões, neste artigo vou procurar mostrar ao leitor o que Paulo realmente quis dizer dentro de seu contexto histórico, e não de acordo com as especulações modernas.
O teólogo NT Wright observou que "Paulo não diz, como muitos de seus intérpretes supuseram que ele disse, que o fim do qual ele fala em Romanos 8, 1ª Coríntios 15, 1ª Tessalonicenses 4 e em outros lugares, certamente virá dentro de uma geração”.[1] Assim, o fato de muitos afirmarem que Paulo acreditava que o ‘objetivo final’ da história teria chegado ao fim em sua própria geração, é evidentemente falso.
Vemos os céticos sendo desmentidos quando se observa em outros textos de Paulo que ele claramente esperava que viessem muitos “séculos” e "gerações":
“...a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre! Amém!”
(Efésios 3:21 - o grifo é meu)“...muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir”.
(Efésios 1:21 - o grifo é meu)
Essas palavras não soam como as palavras de um homem que realmente esperava que Cristo voltasse em sua geração. O teólogo Sam Frost destaca também que “as visões encontradas nos Profetas sobre a expansão maciça do Evangelho - não apenas em ouvi-lo, mas em ser convertido por ele - dificilmente poderiam ter sido cumpridas dentro de trinta ou poucos anos [na geração da igreja primitiva]. Paulo tinha sonhado em chegar à Espanha, mas nunca o fez, e Roma se espalhou por toda a Alta Gália, alcançando todo o caminho até a Bretanha moderna, para as regiões superiores da África. Estas áreas não foram alcançadas pelo Evangelho dentro de uma geração. Sem mencionar o fato de que eles sabiam das nações orientais a leste, incluindo a China”.[2]
Essas palavras de Frost não podem ser confundidas com as que Cristo disse em Mateus 24.14, onde se diz que o evangelho seria pregado em todo mundo (ou terra habitada, oikoumene em grego) que era uma designação do mundo romano. O fato de Paulo não ter chegado à Espanha também não indica que o evangelho não tenha chegado lá. O que Sam Frost deixou claro é que os altos limites do Império Romano, como a China, por exemplo, e o restante do Planeta, não poderiam ter se convertido integralmente ao evangelho dentro da geração da igreja primitiva.
É somente num futuro muito distante que todas as nações realmente se converterão a Cristo, sem apenas ouvir sobre Ele. No primeiro século o mundo romano ouviu sobre Cristo, mas não se converteu a ele, somente poucos abraçaram o evangelho. O fato é que Paulo deixa claro que em seu tempo a profecia de Cristo em Mateus 24:14 já havia sido cumprida, pois ele mesmo escreveu:
“Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão”.
(2ª Timóteo 4.17 - o grifo é meu)
Para saber como o Novo Testamento é unânime sobre o cumprimento da pregação do evangelho em todo o mundo romano, veja Romanos 1:8; Romanos 10:18; Colossenses 1.5-6; Colossenses 1.23.
Para contextualizar o que Paulo disse em Romanos 13:11-14, cito a seguir o referenciado Comentário sobre a Epístola aos Romanos (1886), de Charles Hodge, que havia observado que em seu tempo havia “três interpretações principais”[3] do texto. A primeira interpretação de Romanos 13:11-14 é apresentada por "Hammond" e "Whitby".
Segundo Sam Frost “Henry Hammond, e sua famosa Paráfrasis e Anotações de Todos os Livros do Novo Testamento, tomou [Romanos 13:11-14] como que significando que os poderes perseguidores dos judeus seriam quebrados, esperando que o que Paulo está falando aqui em seu tempo era em referência ao ano 70 d.C. Daniel Whitby tomou a mesma opinião. No entanto, nenhum desses homens entendia Paulo como referindo-se ao que Wright chamou de "objetivo final".[4]
Ainda segundo Frost “Hodge desconsidera esse ponto de vista, como faz Wright, mas ao fazê-lo, ambos fazem comentários interessantes que me lembraram o que eu escrevi em Why I Left Full Preterism. Hodge, notavelmente, escreveu:
“Nós não devemos compreender as expressões, dia do Senhor, o aparecimento de Cristo, a vinda do Filho do homem, em todos os casos da mesma maneira”.
E, em seguida, ele cita uma longa lista de versos sobre os "dias" e "vindas" do Senhor da Bíblia Hebraica. Wright mesmo observa que "a salvação pode se referir a salvar eventos durante o presente curso da história", como acontece com freqüência na Bíblia hebraica. Quantas vezes Israel foi "libertado", "salvo", "redimido" e coisas do gênero? Leia a sua Bíblia Hebraica [o Antigo Testamento].
Note que em Romanos 13 Paulo está falando de um kairos específico ("tempo"). Ele não está falando de todos os tempos. Ele não está falando de todos os tempos e épocas que o Pai estabeleceu para o futuro (ver Atos 1:7, onde kairos é usado no plural, juntamente com chronos, também no plural). Mais uma vez, Paulo escreveu:
"Irmãos, mas dos tempos (crônon - genitivo plural) e estações (kairon - genitivo plural) não necessitais que vos escreva”.
Por quê? Porque "o dia do Senhor vem como um ladrão na noite". Apenas um dos muitos [dias que] vem como ladrão, ou todos eles vêm como um ladrão para aqueles que clamam "paz, paz"? Esses versículos, tirados de 1ª Tessalonicenses 5:1ss, também contém uma alusão a Jeremias 6:14, onde o Profeta afirma:
"Eles curaram a ferida do meu povo levemente, dizendo: 'Paz, paz, quando não há paz".
Isto é definido no contexto do julgamento iminente sobre Judá.
Também, Ezequiel 13:10:
"Precisamente por terem enganado o meu povo, dizendo: 'Paz, quando não há paz, e porque, quando o povo constrói um muro, estes profetas o mancham com lama".
Ezequiel está predizendo a condenação iminente (ver especialmente o capítulo 7, onde o "dia do Senhor" estava "à mão" e "o fim está próximo" e Yahweh está vindo para "pagá-los de acordo com suas ações". Jesus declarou claramente que "o céu e a terra perecerão... Mas daquele dia ninguém sabe" (Mateus 24:35, 36). É por isso que "não há necessidade" de Paulo "escrever" aos Tessalonicenses sobre os tempos e as estações do futuro, os tempos futuros”.[5]
Outro detalhe interessante de Romanos 13:11-14 é que ele diz que "a noite está quase acabando; o dia logo vem". Os escritores do Novo Testamento afirmam que o período em que eles estavam vivendo era noite, e que havia um dia que estava prester à amanhecer. Esse "dia" que é a era da igreja cristã, que começou depois da destruição da Antiga aliança, brilhará até ser dia perfeito. Ao abordar esse tema, o bispo Hermes C. Fernandes acertadamente escreveu:
“A semente de mostarda já foi plantada. O Filho de Deus já estabeleceu Seu Reino entre os homens em Seu primeiro advento. E o fermento já começa a levedar! Estamos vivendo em um período de transição. Em breve, aquela pequena semente terá se espalhado em toda a Terra, e justiça do Reino brotará.
Não é à toa que Jesus Se apresenta como a “Estrela da Manhã”, aquela que anuncia que o dia já está amanhecendo. O caminho proposto por Deus à igreja é a vereda dos justos, que “é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv.4:18). Estamos a caminho do dia perfeito, quando o Sol da Justiça brilhará em todo o Seu resplendor.
João dá testemunho de que “as trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz” (1 Jo.2:8). Paulo também parece concordar com a afirmação joanina, ao declarar: “A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz” (Rm.13:12).
Podemos dizer que estamos vivenciando a aurora do Novo Dia. Já podemos contemplar o dégradé, resultado dos primeiros raios solares que despontam no horizonte celeste. Cabem aqui as palavras proféticas proferidas por Isaías: “Levanta-te, resplandece, pois já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti. As trevas cobrem a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor vem surgindo, e a sua glória se vê sobre ti” (Is.60:1-2).
Repare no uso do gerúndio, demonstrando claramente que se trata de uma transição, e não de algo abrupto: “A glória do Senhor vai nascendo sobre ti (...) Sobre ti o Senhor vem surgindo”. Portanto, é hora de levantar, de despertar de nosso sono letárgico, e assumirmos uma postura de vanguarda neste mundo. Esta é a ordem do dia para igreja de Cristo espalhada no mundo:“Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará”(Ef.5:14). Em vez de ficarmos aguardando uma manifestação repentina do Reino de Deus, arregacemos as mangas e trabalhemos por sua expansão”.[6]
Agora, juntando tudo o que foi dito acima, podemos crer que o apóstolo Paulo em Romano 13:11-14 estava descrevendo um evento que estava prestes para acontecer em seu tempo. Este evento não era a Segunda Vinda de Cristo, mas a dissolução da nação judaica que ocorreu no ano 70 d.C. Referindo-se a esse evento usando linguagem típica do “dia do Senhor”, tanto Paulo como os cristãos naquela época esperavam a dissolução da nação judaica, que traria salvação, libertação das perseguições judaicas (embora não do Império Romano), mas também o fim de toda uma era para dar lugar a era cristã.
O próprio Senhor Jesus Cristo ao pregar sobre a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C., disse:
“Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima”. (Lucas 21:28 - o grifo é meu)
Enquanto muitos pensam que essa "redenção" seja a salvação eterna, todavia, nem sempre tem esse significado na Bíblia. De acordo com o Léxico Grego do Novo Testamento de Edward Robinson, "redenção" significa:
Geralmente "libertação, cessando a ideia de um resgate"; [por exemplo] de calamidades e morte, Lc 21.28.[7]
O fim de Jerusalém, seu templo e suas autoridades judaicas, marcou um tempo de alívio para os cristãos, pois os judeus que tanto os perseguiam foram derrotados.
*Saiba mais sobre César Francisco Raymundo
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Notas:
1. The day of the Lord and Romans 13:11–14
Autor: Sam Frost
Site: www.americanvision.org
Acessado Domingo, 18 de Junho de 2017
(Traduzido e Adaptado)2. Idem nº 1.
3. Idem nº 1.
4. Idem nº 1.
5. Idem nº 1.
6. Artigo: Um Deus de Transições e não de Rupturas Abruptas
Autor: Hermes C. Fernandes
Fonte: www.hermesfernandes.com
Postado nesse site em 31 de Agosto de 20127. Léxico Grego do Novo Testamento, págs. Pg. 104, 105.
Autor: Edward Robinson
Tradução: Paulo Sérgio Gomes.
Edição em língua portuguesa © 2012
Editora Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
“...a nossa salvação está mais próxima do que quando cremos”. Paulo esperava pela vinda de Cristo em seus dias?
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Por César Francisco Raymundo*